O problema da seleção brasileira não é a geração, mas o técnico – e quem o colocou lá

Atualizado em 29 de junho de 2015 às 0:03
O real problema da seleção
Quem é o problema da seleção levanta a mão

Tenho visto muita gente dizer que o problema da seleção brasileira é a geração. De alguma forma é, mas não é da geração de jogadores. O problema da seleção é a incompetência dos técnicos e, por extensão, dos dirigentes que escolhem os técnicos.

Felipão não era o melhor técnico para a última Copa do Mundo. Ao que isso se torna claro, coloca-se Dunga, que se mostrou não ser o melhor técnico para a Copa do Mundo anterior. O que credenciou Dunga para treinar o Brasil atualmente foi uma passagem razoável pela seleção brasileira entre 2006 e 2010, uma passagem ruim e muito mais breve pelo Internacional em 2013 e… só.

Como se pode escolher alguém com esse tipo de resultado para dirigir a seleção do país? É como o caso do presidente que quebrou uma empresa e foi convidado para presidir outra. Também a outra quebrou, era de se esperar.

Agora, a nova versão da carta da Dona Cotinha de Felipão são os 15 jogadores com virose. Mas nós sabemos que o problema não é esse. Michael Jordan jogou com febre (de verdade) e era evidente a indisposição. Os jogadores do Brasil jogaram com sempre. Bem como sempre. Sem brilho como sempre.

O real problema é que Dunga não levou a melhor seleção possível para a Copa América. Era um time bom, não ruim. Daí o resultado bom, não ruim. Quartas-de-final é um resultado bom, fica um monte de gente para trás. É acima da média. Mas poderia ser muito melhor.

Há jogadores melhores do que o time de Dunga disponíveis. E isso inclui a posição do Neymar que, ocupada por Robinho, tornou o time mais banda e menos solo.

É claro que não seria o caso de tirar Neymar para colocar Robinho, mas seria o caso de colocar ambos juntos. Neymar joga melhor quando tem com quem dividir a bola e a responsabilidade. Sua performance no Barcelona é prova disso. Na seleção ele não rende pois não tem com quem jogar nesta configuração.

A palavra-chave é brilho. Robinho é um jogador que pode ser brilhante. A seleção brasileira é um time de bons jogadores, mas não é um time de jogadores brilhantes.

Quem pode ser mais brilhante que vários dos jogadores da seleção de Dunga?

Entre os que jogam no Brasil, Ganso pode. Não quer dizer que vá ser, mas pode ser. Souza pode. Gil pode. Ricardo Oliveira pode. Nilmar pode. Renato Augusto e Jadson podem. Lucas Lima e Ricardo Oliveira podem.

Na Europa, Diego poderia brilhar nesta seleção. Oscar poderia brilhar – foi quem mais brilhou, depois de Neymar, na Copa do Mundo. Danilo, do Porto, poderia brilhar.

Até mesmo fora, ou principalmente fora destes circuitos, você encontra jogadores que têm a capacidade de ser brilhantes: Kaká e Ronaldinho Gaúcho, por exemplo. Eu também gostaria de saber como vai Hyuri, ex Botafogo, que está na China.

Minha seleção seria de brilhantes, ainda que não estejam em suas melhores formas, ainda que possam ser um tanto mais inconstantes do que os constantemente medíocres de Dunga. Se mantivesse 4 ou 5 desta seleção, seria muito.