O que a lista dos melhores países do mundo para as mães conta sobre o Brasil

Atualizado em 8 de maio de 2012 às 17:20
Mãe norueguesa com seu bebê: um ano de licença maternidade

 

A receita vitoriosa dos países escandinavos deveria ser mais estudada pelas administrações brasileiras. São países altamente desenvolvidos socialmente, e é uma pena que recebam tão pouca atenção no Brasil. Estão sempre no alto das listas que comparam desempenhos de nações em coisas genuinamente positivas.

Agora mesmo.

Acaba de sair um estudo de uma organização sem fins lucrativos chamada “Save The Children”. Seu objetivo, como diz o nome, é salvar crianças. A STC mapeia 165 países em busca das melhores – e das piores — condições para bebês. Locais que cuidam bem de crianças viram referência. E é dada assistência especial aos bebês de países na situação oposta.

A pesquisa recém-saída trata, especificamente, da condição das mães. “Melhores lugares para ser mãe” é o título. No topo, a Noruega.  Dos seis primeiros da lista, cinco países são escandinavos.

Basta?

As mães norueguesas têm direito a um ano de licença maternidade. Os pais, a dez semanas. O que acontece é que assim você está investindo no futuro com seriedade.

Pelo lado dos modelos ruins, os Estados Unidos aparecem apenas na 25.a colocação. Como observa o estudo, é o único caso de país rico em que simplesmente não existe uma lei nacional que estabeleça licença maternidade. É uma visão desumanamente pró-negócios – uma das maiores marcas dos Estados Unidos.

O Brasil, como em todas as listas sociais, é de uma mediocridade avassaladora. Não adianta nada você ter a sexta maior economia do mundo se a maioria da população vive na pobreza. Entre os países em desenvolvimento, o Brasil ocupa apenas a 13.a colocação. O relatório da STC aponta a questão dramática da concentração de renda no Brasil. Metade da riqueza do país está nas mãos de 10%. É verdade que o país avançou nos últimos vinte anos, sobretudo na gestão de Lula, mas o que foi feito é ainda muito pouco.

Nos anos 1980, um economista disse que o Brasil era uma Belíndia, mistura de Bélgica (rica) com Índia (pobre). Trinta anos passados da metáfora, é uma pena constatar que continuamos a ser uma Belíndia — melhoradinha, mas não muito além disso.