
A perícia feita na tornozeleira eletrônica usada por Jair Bolsonaro foi concluída pela Polícia Federal e confirmou que o equipamento sofreu tentativa de rompimento. O laudo, produzido pelo Instituto Nacional de Criminalística, aponta “danos significativos” e marcas compatíveis com violação intencional.
Os peritos concluíram que a tornozeleira foi exposta a uma fonte intensa de calor, reforçando o relato do ex-presidente de que usou “um ferro quente” para danificar o aparelho. Bolsonaro foi conduzido à Superintendência da PF no sábado, após admitir ter aplicado calor no dispositivo.
A equipe técnica identificou que a área afetada apresenta alterações típicas de contato com objeto metálico aquecido. O Instituto Nacional de Criminalística, referência na América Latina, mobilizou especialistas em microvestígios e eletrônica para analisar cada componente e verificar interferências no funcionamento.
O laboratório onde a análise foi realizada fica em Brasília e possui equipamentos dedicados a vestígios microscópicos e micrométricos. Nessa sala, os peritos examinaram fusões na carcaça, deformações internas e eventuais sinais de tentativa de interrupção do monitoramento, cruzando os achados com padrões técnicos de violação.
Com o dano comprovado, o governo do Distrito Federal terá de pagar R$ 737,52 pela reposição do equipamento, valor correspondente a três vezes o preço unitário da tornozeleira, estipulado em contrato com a empresa UE Brasil Tecnologia.
URGENTE: STF divulga imagens da tornozeleira eletrônica usada por Jair Bolsonaro com sinais claros de tentativa de rompimento. Nas imagens, uma diretora da Secretaria de Administração Penitenciária do DF faz vistoria no equipamento. pic.twitter.com/81HGdiAPIE
— Renato Souza (@reporterenato) November 22, 2025
A regra determina que, quando há dano, a multa recai inicialmente sobre o GDF. Depois, o governo pode cobrar o responsável, no caso, Bolsonaro. A Seape afirma que ainda não decidiu se fará a cobrança.
A violação pesou na decisão que manteve a prisão preventiva. No voto, o ministro Alexandre de Moraes classificou a ação como “dolosa e consciente” e relembrou episódios de descumprimento de medidas cautelares desde 2025. Para ele, o comportamento do ex-presidente revela “reiterado desrespeito à Justiça”, justificando a continuidade da medida.
Enquanto aguarda o julgamento definitivo, Bolsonaro permanece em sala especial na sede da PF, em Brasília. Ele tem recebido familiares e advogados, conforme permitido pelos agentes. A Primeira Turma do STF já formou maioria preliminar para manter a prisão preventiva.