O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) estuda entrar em contato direto com a Casa Branca para tentar reverter a taxação de 50% imposta pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, aos produtos brasileiros, segundo Caio Junqueira, da CNN Brasil. A medida é vista por aliados como uma forma de neutralizar as críticas do governo Lula (PT), que atribui o tarifaço à atuação do deputado licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) nos EUA contra o Supremo Tribunal Federal (STF).
Segundo interlocutores próximos a Bolsonaro, a iniciativa busca evitar que se consolide na opinião pública a ideia de que a taxação é resultado exclusivo das articulações de Eduardo. A entrada do ex-presidente no debate poderia demonstrar liderança e contrastar com o que seus aliados chamam de “imobilismo” do governo Lula nas negociações com os EUA.
“O tarifaço foi provocado por um imobilismo deliberado do Palácio do Planalto e do Itamaraty, justamente para que a medida se concretizasse e reforçasse o discurso da esquerda”, afirmou um aliado de Bolsonaro à CNN Brasil.
A estratégia, no entanto, envolve desafios. Se Trump mantiver a taxação apesar da intervenção de Bolsonaro, o fracasso poderia reforçar a narrativa petista de que a família Bolsonaro é responsável pela medida.
Além disso, o ex-presidente corre o risco de atrair ainda mais a atenção do STF, especialmente se a reversão do tarifaço vier acompanhada de sanções a autoridades brasileiras, algo já cogitado no processo contra Bolsonaro na Corte.
Aliados do ex-presidente afirmam que a decisão de Trump foi influenciada pela participação do Brasil na Cúpula do Brics, realizada recentemente no Rio de Janeiro. Bolsonaro relatou a interlocutores que o presidente estadunidense viu o movimento como uma afronta, já que o Brasil é o único país das Américas no bloco, o que, na visão de Trump, beneficiaria a Venezuela, um tema sensível para o governo dos EUA.
O tarifaço suspendeu temporariamente a pauta bolsonarista no Congresso, incluindo o projeto de anistia aos investigados pelos atos de 8 de janeiro de 2023. A esquerda, por sua vez, ganhou força ao capitalizar o discurso de defesa da soberania nacional, um tema no qual o PT tradicionalmente se sai bem.