O que Ciro ganha ao não assinar o manifesto em defesa da candidatura de Lula? Nada. Só perde. Por Kiko Nogueira

Atualizado em 6 de janeiro de 2018 às 7:33
Eles

Há uma pedra no caminho de Ciro Gomes em 2018 — e é o próprio Ciro.

Seus movimentos pendulares em relação a Lula não lhe ajudam nem um pouco. Na verdade, atrapalham.

Ciro se recusou a subscrever o manifesto pela candidatura de Lula, iniciativa do projeto Brasil Nação, do qual o pedetista é integrante.

O lançamento foi em dezembro e, até o momento, amealhou mais de 100 mil assinaturas. Entre elas, as de Chico Buarque, do escritor Raduan Nassar, de Pepe Mujica, Cristina Kirchner e do cineasta Costa Gavras.

Manuela D’Ávila e Guilherme Boulos estão com o nome lá.

A perseguição jurídica a Lula deveria estar acima das questões eleitoreiras, mas ele não vê assim. É uma mesquinharia para um político corajoso como ele.

Em tese, ele se beneficiaria de uma disputa sem Lula. No último Datafolha, chegou a 7% nos cenários com o ex-presidente. Nas simulações sem Lula, vai a 13%.

Se esse for o cálculo, é uma fria. Ciro poderá esquecer os votos dos petistas num hipotético segundo turno.

A resposta mais plausível é que trata-se de mais uma idiossincrasia de Ciro Gomes em seu caso de amor e ódio por Lula.

Ciro já propôs levar Lula para uma embaixada para o caso da decretação de uma prisão e declarou que o petista “foi uma pessoa que fez muito bem a muita gente no Brasil”.

Também acusou-o de dividir o país em “bases odientas” e de ter feito uma “única reforma relevante: a tomada de 3 pinos”. “Justiça boa é a rápida”, afirmou sobre a tramitação do julgamento no TRF 4.

Em qual Ciro acreditar? Em qual Ciro votar?

Ele vai ter que decidir que Cirão da Massa vai apresentar ao eleitorado. Um deles é mais parecido com FHC do que ele mesmo gostaria.