Há uma pedra no caminho de Ciro Gomes em 2018 — e é o próprio Ciro.
Seus movimentos pendulares em relação a Lula não lhe ajudam nem um pouco. Na verdade, atrapalham.
Ciro se recusou a subscrever o manifesto pela candidatura de Lula, iniciativa do projeto Brasil Nação, do qual o pedetista é integrante.
O lançamento foi em dezembro e, até o momento, amealhou mais de 100 mil assinaturas. Entre elas, as de Chico Buarque, do escritor Raduan Nassar, de Pepe Mujica, Cristina Kirchner e do cineasta Costa Gavras.
Manuela D’Ávila e Guilherme Boulos estão com o nome lá.
A perseguição jurídica a Lula deveria estar acima das questões eleitoreiras, mas ele não vê assim. É uma mesquinharia para um político corajoso como ele.
Em tese, ele se beneficiaria de uma disputa sem Lula. No último Datafolha, chegou a 7% nos cenários com o ex-presidente. Nas simulações sem Lula, vai a 13%.
Se esse for o cálculo, é uma fria. Ciro poderá esquecer os votos dos petistas num hipotético segundo turno.
A resposta mais plausível é que trata-se de mais uma idiossincrasia de Ciro Gomes em seu caso de amor e ódio por Lula.
Ciro já propôs levar Lula para uma embaixada para o caso da decretação de uma prisão e declarou que o petista “foi uma pessoa que fez muito bem a muita gente no Brasil”.
Também acusou-o de dividir o país em “bases odientas” e de ter feito uma “única reforma relevante: a tomada de 3 pinos”. “Justiça boa é a rápida”, afirmou sobre a tramitação do julgamento no TRF 4.
Em qual Ciro acreditar? Em qual Ciro votar?
Ele vai ter que decidir que Cirão da Massa vai apresentar ao eleitorado. Um deles é mais parecido com FHC do que ele mesmo gostaria.