Nos grupos de WhatsApp de generais da reserva, o clima foi de indignação diante do julgamento da trama golpista no Supremo Tribunal Federal (STF). As conversas, obtidas pela coluna de Lauro Jardim no jornal O Globo, se estenderam durante o fim de semana e na segunda (1º), traziam críticas pesadas ao processo, iniciado nesta terça (2).
Entre os militares citados, a defesa foi quase unânime em favor de Mário Fernandes, Augusto Heleno e Paulo Sérgio Nogueira, todos réus na ação penal. A exceção foi Braga Netto, ex-ministro da Defesa e ex-chefe da Casa Civil, que não recebeu apoio do chamado “pessoal do pijama”.
O distanciamento em relação a Braga Netto ocorre pelas mensagens reveladas nas investigações. Nos registros, ele atacava outros comandantes, como Freire Gomes, a quem chamou de “cagão”, e Baptista Júnior, alvo de frases como “senta o pau no Baptista Júnior” e “inferniza a vida dele e da família”.
As conversas também defenderam Jair Bolsonaro e os acampamentos montados em frente a quartéis após a derrota eleitoral de 2022, tratados pelos generais da reserva como “concentrações pacíficas”.
Além de Bolsonaro, Braga Netto, Fernandes, Heleno e Nogueira, também fazem parte do chamado “núcleo central” da trama golpista o almirante e ex-comandante da Marinha Almir Garnier Santos, o tenente-coronel Mauro Cid e Anderson Torres, ex-ministro da Justiça.
Todos os réus são acusados de liderar ou integrar organização criminosa armada; atentar violentamente contra o Estado Democrático de Direito; golpe de Estado; dano qualificado por violência e grave ameaça e deterioração de patrimônio tombado da União.
O julgamento do Supremo sobre a trama golpista teve início na manhã desta terça, foi suspenso e será retomado na tarde de hoje. As próximas sessões devem ocorrer nos dias 3, 9, 10 e 12 de setembro.