Durante uma entrevista ao canal Primo Rico no último dia 19, o candidato à Prefeitura de São Paulo Pablo Marçal (PRTB) explicou sua estratégia atingir o que chama de “níveis estratosféricos de inconsciente coletivo”, ou seja, tornar-se muito conhecido, afirmando que “a forma mais poderosa de entrar é sendo criticado, [criando] uma polêmica”.
Essa abordagem ficou nítida em sua participação no Flow Podcast, onde foi expulso após desrespeitar as regras em um confronto com o adversário Ricardo Nunes (MDB), que tenta ser reeleito.
Como destaca a Folha de S.Paulo, a situação cresceu nos bastidores quando um membro da equipe de Marçal agrediu o marqueteiro de Nunes, deixando-o com o rosto ensanguentado. Marçal, que já havia sido agredido anteriormente por José Luiz Datena (PSDB), adotou uma tática baseada na “economia da atenção”, que considera o tempo dos usuários nas redes sociais como uma mercadoria disputada.
Essa teoria, originada pelo Nobel Herbert A. Simon na década de 1970, sugere que a escassez de atenção pode ser conquistada através de emoções intensas, como raiva e indignação. Ana Carolina Noronha, professora de linguística da Unesp, explica à Folha que conteúdos mais radicais geram reações e mantêm os usuários online por mais tempo.
Após o debate na TV Cultura, Marçal teve um aumento significativo de engajamento, com suas publicações alcançando uma média de 265 mil interações, em comparação a 133 mil nos meses anteriores. Um levantamento revelou que 49 contas de Marçal no TikTok somaram 14,1 milhões de visualizações em apenas nove dias.
Os vídeos mais populares apresentam Marçal como um confrontador, criticando adversários e jornalistas. Tatiana Dourado, doutora em comunicação, destacou que essa estratégia visa maximizar faturamento por meio de visualizações e vendas de produtos.
Especialistas alertam que essa polarização nas redes sociais pode ser prejudicial à democracia, sugerindo a necessidade de regulação que traga transparência aos algoritmos e responsabilização por conteúdos de ódio e desinformação. “É uma prática nociva à democracia e fere o processo comunicativo para escolhas eleitorais justas”, conclui Ana Regina Rego, professora da UFPI.