O que está por trás da guerra suja entre Alckmin e Goldman no PSDB de SP. Por José Cássio

Atualizado em 15 de abril de 2016 às 1:38
Alckmin e Goldman
Alckmin e Goldman

 

As desavenças vivenciadas nas prévias do PSDB durante a escolha de João Doria para disputar a prefeitura de São Paulo pelo partido continuam rendendo.

Primeiro foi o desligamento do vereador Andrea Matarazzo, que pretende arriscar a sorte como candidato a prefeito pelo PSD. Andrea foi seguido pelo vereador Adolfo Quintas, além de outros militantes de segundo e terceiro escalão.

Nesta semana a crise voltou a rondar o PSDB.

O militante Paulo Vitor Sapienza, conhecido como “boi de piranha” de João Doria, enviou à Comissão Disciplinar do diretório municipal um pedido de expulsão do ex-governador Alberto Goldman.

No documento de 21 páginas, Sapienza diz que Goldman “utilizou artifícios sórdidos para tentar compuscar a imagem de João Doria junto aos filiados e perante a sociedade”.

O documento fala em “acusações criminosas”. Diz ainda que o ex-governador faltou com a ética, à medida em que, não satisfeito em levar as acusações no âmbito interno, foi à imprensa insinuar inverdades contra o candidato apoiado pelo governador Geraldo Alckmin.

No PSDB, a iniciativa é vista como estratégia do grupo de João Doria para desgastar Goldman e retaliar o ex-governador, que é inimido declarado de Alckmin, por suas relações com o grupo de José Serra e Andrea Matarazzo.

O presidente do diretório municipal, vereador Mário Covas Neto, encaminhou o documento ao departamento Jurídico, mas entende que a instância local não é a mais adequada para debater o assunto.

De fato Goldman acusou Doria de diversas irregularidades. Dentre elas, compra de votos, boca de urna no dia da votação e violação da Lei Cidade Limpa por uso de cavaletes de propaganda e carros de som.

O que chama a atenção é que Goldman foi acompanhado nas críticas por José Aníbal, presidente do Instituto Teotônio Vilela. Ambos ingressaram com representação no Ministério Público Eleitoral (MPE) contra a candidatura de Doria.

Mas Aníbal não consta no documento, reforçando a ideia de que a iniciativa de Sapienza tem as digitais dos estrategistas da dupla Doria-Geraldo Alckmin.

A rixa interna e a lavação de roupa suja em público rendeu outra dor de cabeça para os tucanos.

Baseado em uma entrevista do ex-deputado Arnaldo Madeira ao jornal Folha de São Paulo, em que ele cita de forma explícita o uso da máquina governamental em favor da pré-campanha de João Doria, o deputado estadual João Paulo Rillo (PT) ingressou com representação no Ministério Público pedindo “a instauração de inquérito civil público para apurar a denúncia”.

Na entrevista, Madeira, que é fundador do PSDB, afirmou ter “muito contato com pessoas que estão na máquina do Estado, em diferentes áreas, e o que me falaram é das ameaças a quem não votasse a favor do candidato do governador”.

Disse que “o uso da máquina do Estado para favorecer uma candidatura é algo jamais visto na história do partido”.

No documento, João Paulo Rillo alega que a entrevista é uma “verdadeira denúncia de uso da máquina pública com objetivo de influenciar a escolha de uma candidatura”.

Ressalta que o governador atentou contra os princípios constitucionais e por isso pode ter incorrido em ato de improbidade administrativa e crime de responsabilidade.

O documento encerra pedindo ao ministério público que acione Arnaldo Madeira para que ele possa ratificar (ou não) suas declarações à Folha. Faz sentido. Afinal, passou da hora de as autoridades levarem o PSDB à sério.