O que está por trás da lavada de Lula em Bolsonaro no Ibope. Por Miguel Enriquez

Atualizado em 22 de agosto de 2018 às 15:27

POR MIGUEL ENRIQUEZ

A liderança avassaladora de Lula na corrida presidencial no período pós registro das candidaturas, revelada inicialmente pela pesquisa CNT/DMA, com 37,3 % das intenções de votos, confirmada pelo Ibope, com 37% e reforçada pelo Datafolha, que cravou 39%, colocou em polvorosa os adversários do Jararaca.

Não apenas pela distância gigantesca em relação ao segundo colocado, o candidato da lei e da ordem Jair Bolsonaro, mas também pela solidez com que essa liderança se conformou.

De acordo com o Ibope, que divulgou um estudo detalhado de sua pesquisa, o petista dá de lavada em praticamente todas as categorias –regiões, sexo, escolaridade, idade e renda familiar dos eleitores. Ou seja, Lula não é apenas o candidato dos grotões do Nordeste.

Segundo a pesquisa, Lula é o preferido dos homens, com 35% das intenções, contra 28% de Bolsonaro. Entre as mulheres, o índice sobe para 39%, três vezes mais do que o obtido pelo candidato do PSL, que ficou com meros 13%, e muito acima de Marina Silva, que recebeu 15%.

Por regiões, essa superioridade se repete, a começar pelo Nordeste, onde Lula contabiliza 60% das intenções, contra 13% do seu adversário. Ele é o primeiro com folga, também, no maior colégio eleitoral do País, o Sudeste, com 28%, sete pontos a mais do que os 21% de Bolsonaro, a quem bate no Sul ( 27% x 23%) e no Norte/Centro-Oeste (33% x 30%).

Na divisão por idade, o favoritismo do ex-presidente é absoluto em todas as cinco faixas avaliadas pelo Ibope. Para citar os dois extremos da amostragem: é o candidato tanto dos mais jovens, eleitores entre 16 e 24 anos (45% x 21%) quanto dos mais velhos, acima de 55 anos (33% x 14%). Nas demais faixas, Lula supera Bolsonaro com, no mínimo, 12 pontos de diferença.

Em relação à escolaridade, Lula está à frente entre os eleitores que estudaram até a quarta série ( 51% x 10%), entre os que cursaram da quinta à oitava série ( 44% x 18%) e entre os egressos do ensino médio (35% x 24%). Perde por pouco entre os de nível superior (23% x 24%).

Finalmente, o recorte em função da renda familiar comprova que Lula mantém como o candidato da população mais pobre. É o escolhido pelos eleitores com renda familiar até 1 salário mínimo ( 53% x 12%), pelos de 1 a 2 salários mínimos( 42% a 18% ) e pelos que estão na faixa de 2 a 5 mínimos (29% x 27%).

Entre os com rendimentos acima de 5 mínimos, o preferido é Bolsonaro, que com quase o dobro das intenções (17% x 32% ), roubou uma fatia importante do eleitorado mais abonado, tradicionalmente identificado com o PSDB –nesse segmento, o tucano Geraldo Alckmin, conta com apenas 11% das intenções.

Alckmin, por sinal, aparece como o protagonista do grande fiasco nessa recente rodada de pesquisas eleitorais. Nos cenário em que Lula aparece como candidato, as intenções de voto no ex-governador de São Paulo são pífias: 4,9% na CNT/MDA, 5% no Ibope e 6% no Datafolha. Além de perder a preferência do eleitorado de alta renda, seu desempenho é fraco nas regiões Norte/Centro-Oeste e Nordeste, com 5% e 4%, respectivamente.

E pode ser considerado um fracasso na Sul, onde obteve apenas 3% das intenções, a despeito de ter como candidata a vice de sua chapa a senadora Ana Amélia, do PP gaúcho, a esperança loira direitista com que contava para crescer nos Estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Mesmo em São Paulo, onde obteve 11%, empatando com Marina Silva, o balanço é negativo, para quem ocupou nos últimos oito anos a cadeira de governador.