O que está por trás da nomeação de Bruno Covas para coordenador da campanha de Alckmin. Por José Cássio

Atualizado em 20 de julho de 2018 às 16:48
Bruno Covas. Foto: Leon Rodrigues/Fotos Públicas

Para os otimistas, o anúncio do prefeito de São Paulo, Bruno Covas, como coordenador estadual da pré-campanha de Geraldo Alckmin é um resgate da marca “Alckmin” no Estado em que o PSDB governa desde 1995.

Já os críticos ironizam a nomeação com uma brincadeira bastante conhecida entre os tucanos.

– Agora é nóis com nóis!

A galhofa tem respaldo na tradicional dificuldade do PSDB, especialmente de Alckmin, de ampliar o seu leque de interlocução e dar espaço ao novo e desconhecido.

O suplente de senador José Anibal tratou recentemente deste assunto em um programa de entrevista na televisão.

– Precisamos considerar que a pré-campanha presidencial de Geraldo Alckmin não é a de um líder autocrata, que diz que vai fazer e acontecer desse ou daquele jeito”, falou Anibal.

– Ela precisa estar permanentemente sendo adensada com a ação de outras lideranças que vão se incorporando. As coisas vão avançando, mais pessoas querem ajudar, opinar. É preciso estar atento a novos atores, que querem dar a sua opinião, agir, seja nas mídias ou nos movimentos sociais, e por esse motivo temos de criar novos espaços e permitir que as pessoas possam se integrar.

A pergunta que se faz, portanto, é: Bruno chega para ampliar, e promover de fato a participação de novas lideranças, ou apenas para emprestar a grife Covas e manter tudo como está?

A única certeza por equanto é a de que, com a nomeação do prefeito da capital e ex secretário-geral do PSDB, Geraldo manda sinais de que continua firme no seu propósito de não jogar a toalha.

Para o pré-candidato ao governo do Estado pelo partido, João Doria, a indicação de Covas é uma faca de dois gumes: boa a se considerar que ele vai se acomodar e disputar pra valer o governo do Estado e ruim se persistir na intenção de substituir o padrinho na disputa pela presidência.  

O enigma está no campo político comandado pelo governador Márcio França, que disputa a reeleição.

Para o deputado Caio França, filho e um dos principais articuladores da pré-campanha do pai, “o Bruno é um amigo e político habilidoso. Torço para que possa organizar o time e garantir uma grande vitória para o Geraldo aqui em São Paulo”.

“Da nossa parte”, segundo Caio França, “eles terão sempre a lealdade e isso o Márcio não precisa mais provar, ao contrário de João Dória”.

O deputado deixa para o final a declaração que pode servir de fio de meada para revelar, ou não, a verdade sobre a velha tática tucana do “Nois com Nois”.

– Tem uma regra geral que diz que só da pra ajudar quem quer ser ajudado, diz o Caio França.