O que falta para alguém perceber que há corrupção envolvendo a família Bolsonaro? Por Luis Felipe Miguel

Atualizado em 22 de junho de 2020 às 22:42
Flávio, Jair, Eduardo e Carlos: os Bolsonaro | Divulgação

Publicado originalmente no perfil do autor

Por Luis Felipe Miguel

Texto no jornal hoje diz: “Segundo pesquisas qualitativas nas mãos de adversários de Bolsonaro, cerca de metade dos 30% que apoiam o presidente mudariam de ideia se houver corrupção envolvendo sua família. Se o cálculo estiver certo, isso derrubaria o apoio a Bolsonaro para o nível considerado perigoso para a abertura de processos de impeachment”.

Eu acho engraçado esse apego – por comentaristas políticos e, segundo leio, por operadores políticos também – à pretensa lei de que um impeachment só prospera quando o presidente conta com 15% ou menos de “apoio popular”.

São tantas simplificações (na interpretação dos resultados de sondagens, na relação entre popularidade, apoio e militância, no entendimento da dinâmica da disputa política, no fetichismo numérico) que nem vale a pena começar a discutir.

Mas a questão é: o que falta para alguém perceber que há “corrupção envolvendo a família”? São casos e casos, tornados públicos desde antes da eleição – rachadinhas, funcionários fantasmas, auxílios-moradia.

Só não vê quem não quer. E o que caracteriza a base bolsonarista é que ela definitivamente não quer ver.

Também tem os generais. Cansei de ler textos jornalísticos dizendo que a captura de Queiroz complicava Bolsonaro junto com a cúpula militar, que passava a desconfiar que ele estava envolvido com milicianos.

Foi só agora que eles passaram a desconfiar disso? Outro dia comentei aqui como os generais falantes desse governo parecem despreparados intelectualmente, mas não dá para acreditar que sejam tapados desse tanto.

O que deve estar ocorrendo é outra coisa. Está ficando cada vez mais vergonhoso fingir que não estão vendo nada. Terão que assumir abertamente o ônus de serem esteio de um governo bandido – ou pensar em uma saída.