O que fazer na Barra Funda, eleito o 3º bairro mais ‘cool’ do mundo

Atualizado em 29 de novembro de 2025 às 17:43
Barra Funda, considerada um dos bairros “mais cool” do planeta. Imagem: reprodução

A Barra Funda, na zona oeste de São Paulo, entrou para o radar mundial após ser eleita o terceiro bairro mais “cool” do planeta pela revista Time Out. Se perguntar ao ChatGPT uma roupa para explorar a região, a definição do local fica clara: “estiloso sem parecer que tentou demais”. É justamente esse equilíbrio entre simplicidade e autenticidade que molda a identidade do bairro. Com informações do Estadão.

Com origem em chácaras do século 19 e impulsionado pela Estrada de Ferro Sorocabana em 1875, o bairro sempre viveu em transformação. Imigrantes, população negra, operários, famílias de classe média e jovens criativos formam o mosaico que dá personalidade à Barra Funda. “Quem vem pra cá entende que aqui dá para ser original”, diz Pedro Nóbrega, sócio do café Ronin. “Cada boteco tem algo muito único, nada é mais do mesmo.”

O cenário industrial virou palco de uma cena cultural vibrante: galpões convertidos em ateliês, oficinas transformadas em cafés, festas escondidas atrás de portas de ferro. A convivência mistura famílias, frequentadores da vida noturna e visitantes atrás de arte, gastronomia e experiências urbanas. Nas ruas, casas com clima de interior dividem espaço com pontos de prostituição, shoppings modernos e grandes obras arquitetônicas.

Entre os pontos mais simbólicos está o Minhocão, o Elevado Presidente João Goulart. Durante a semana, funciona como via expressa e museu a céu aberto, com mais de 72 murais criados desde 2015. Aos fins de semana e feriados, vira parque e recebe atividades itinerantes. Já a Casa Mário de Andrade preserva o lar e o universo criativo do escritor, com visitas gratuitas e exposições temporárias.

A cena cultural ainda se amplia com espaços como o Mescla, bar idealizado pelo chef Checho Gonzalez, responsável por receitas originais de ostras desde 2019; o antiquário e galeria Verniz SP, que ocupa um galpão reformado; e a Mendes Wood DM, galeria que exibe obras de artistas brasileiros e internacionais, atualmente com a mostra “Nascimento”, de Antonio Obá.

Restaurante Mescla, na Barra Funda. Imagem: reprodução

O bairro também tem seus refúgios verdes. O Parque da Água Branca, inaugurado em 1929, oferece trilhas, playgrounds, oficinas e uma tradicional feira orgânica. “A comunidade faz o que ele é em São Paulo”, resume Sonia Reis, diretora de operações do espaço.

Outro ícone é o Memorial da América Latina, complexo cultural criado por Darcy Ribeiro e projetado por Oscar Niemeyer. Lá, o Pavilhão da Criatividade apresenta uma exposição permanente dedicada às tradições latino-americanas, incluindo o piso de vidro de 48 m² que permite “caminhar” pelo mapa da região.

A gastronomia é um ponto forte da Barra Funda. O Café Ronin aposta em receitas autorais, como o queijo quente com caramelo de alho e o ‘oreo’ de cumaru. Já o Água e Biscoito oferece drinques, vinhos e o tradicional polvinho da casa em um ambiente que mistura boteco e estética moderna.

Além disso, vale incluir no roteiro o Theatro São Pedro, o Boteco de Manu, o Boteco Por Amor e a Brioche Brasil – todos representantes da mistura imperfeita e irresistível que transformou a Barra Funda em um dos bairros mais interessantes do mundo.

Theatro São Pedro, na Barra funda, SP. Imagem: reprodução
Sofia Carnavalli
Sofia Carnavalli é jornalista formada pela Cásper Líbero e colaboradora do DCM desde 2024.