O que fez tantos americanos comprarem ingressos da Copa?

Atualizado em 11 de abril de 2014 às 9:14

Um país com mais de 300 milhões de habitantes, uma imensa população de origem latina e uma vasta cultura de prática e consumo do esporte. Parecia questão de tempo até que os Estados Unidos levassem o futebol a sério – e tudo leva a crer que a hora chegou. Para a Copa do Mundo de 2014, no Brasil, 154.412 ingressos foram comprados por torcedores americanos, atrás apenas dos brasileiros, que adquiriram 1.041.418 até agora.

A terceira nação com mais compradores é a Austrália, bem atrás dos Estados Unidos, com 40.681 bilhetes, seguida da Inglaterra, com 38.043, e a Colômbia, com 33.126. Do total de ingressos vendidos para residentes fora do Brasil, 27,5% foram para os americanos.

Os números não surpreendem Dan Courtemanche, vice-presidente executivo de comunicações da MLS (Major League Soccer, a Liga Profissional de Futebol dos Estados Unidos). “O número só confirma o que se viu na África do Sul, em 2010, quando 40 mil ingressos foram comprados por americanos, já o maior grupo de estrangeiros.”

A Liga calcula que o país tenha aproximadamente 70 milhões de fãs de futebol e 20 milhões de praticantes. A final da última Copa, entre Espanha e Holanda, foi vista por mais de 24 milhões de pessoas pela TV.

Dentro dos estádios, os números impressionam. A MLS tem uma média de 19.035 torcedores por jogo, uma das dez maiores ligas do mundo e a terceira entre os esportes coletivos do país, atrás apenas do futebol americano e do beisebol.

O Seattle Sounders tem números de time grande europeu, com 44 mil lugares ocupados a cada jogo em seu estádio. O Portland teve uma sequência de 54 jogos com lotação total e tem lista de espera com 10 mil pessoas para carnês de ingressos para toda da temporada.

Segundo os dirigentes, a arrancada começou com a chegada de David Beckham ao Los Angeles Galaxy, em 2007. Outras estrelas foram importadas na sequência, ainda que não estivessem no melhor momento da carreira, casos de Thierry Henry, Tim Cahill, Jermaine Defoe e do goleiro da seleção brasileira, Júlio César – esses dois últimos jogam no time canadense Toronto, que compete na MLS.

Aos poucos, começou a aumentar o número de jogadores da seleção dos Estados Unidos que atuam na liga americana. Eram apenas quatro na Copa da África do Sul. No Brasil, já serão mais da metade dos convocados.

Nos últimos anos, atletas importantes escolheram atuar no país, como Clint Dempsey, que deixou o Tottenham para jogar no Seattle Sounders, Bradley, que saiu da Roma para reforçar o Toronto, além de Donovan e Omar González, que rejeitaram propostas de clubes europeus para seguirem no LA Galaxy.

A seleção dos Estados Unidos ficará hospedada em São Paulo e jogará em Natal, dia 16 de junho, contra Gana, em Manaus, no dia 22, contra Portugal, e em Recife, dia 26, contra a Alemanha. Sem os ingressos, um pacote pode ser encontrado a partir de US$ 1,9 mil.

Somados, os três estádios que terão partidas dos Estados Unidos na primeira fase têm capacidade para menos de 130 mil torcedores, o que indica que os turistas americanos (já que mais de 154 mil ingressos foram comprados por americanos) estarão na Copa para muito mais do que os três primeiros jogos.

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