O que fica do livro de Mandetta: ele não entendeu que todos os ministros de Bolsonaro são da Propaganda

Atualizado em 25 de setembro de 2020 às 8:34
Bolsonaro e Mandetta

Todos os ministros de Bolsonaro são da propaganda, especialmente os das pastas com mais visibilidade.

Henrique Mandetta lançou livro sobre sua experiência no governo em que Bolsonaro é descrito como alguém em negação.

“Primeiro ele negou a gravidade da covid-19, falando que era só uma ‘gripezinha’. Depois ficou com raiva do médico, ou seja, de mim. Depois partiu para o milagre, que é acreditar na cloroquina”, escreve.

Num das raras reuniões, o presidente insistiu que a pandemia era uma arma biológica chinesa para levar a esquerda de volta ao poder na América latina.

Nunca se tratou realmente de procurar alternativas ou traçar um plano, mas de mudar de assunto. Bolsonaro fez isso com a cloroquina, diz Mandetta.

“Poderia ter sido diferente”, acredita. Não, não poderia.

Milton Ribeiro, da Educação, está se saindo melhor para os padrões dessa tragicomédia.

Deu entrevista ao Estadão em que misturou incompetência, homofobia e a mais cristalina estupidez.

“Famílias desajustadas”, segundo ele, são responsáveis pelos “meninos” gays. 

“O adolescente que muitas vezes opta por andar no caminho do homossexualismo (sic)“ faz isso porque “não tem a atenção do pai, não tem a atenção da mãe”.

“São questões de valores e princípios”, diz.

A desigualdade educacional “não é um problema do MEC, mas do Brasil.” Não é ele quem precisa resolver a falta de acesso à internet.

Damares Alves não executou o orçamento com relação ao feminicídio.

Portanto, em 2021 seu ministério receberá 25% menos dinheiro, segundo a Folha, para projetos de proteção à vida das mulheres e combate a violência.

Isso não a impede de matraquear, mentir e gastar tempo, recursos e energia para tentar impedir uma menina de 10 anos de fazer um aborto legal.

A inação de Ricardo Salles à frente do Meio Ambiente e a retórica submissa aos EUA de Ernesto Araújo obedecem à mesma lógica.

Eles subvertem a lógica de “mais ação, menos falação”.

O trabalho — e por isso o critério não é de expertise na área — é espalhar nas redes sociais fake news e imbecilidades de modo à máquina de algoritmo das redes sociais continuar sendo alimentada.

Na Alemanha nazista, Goebbels ditava os aspectos da vida cultural e intelectual, divulgando os feitos do regime em sua luta contra os inimigos internos e externos.

O principal foco era Hitler, que ganhou um culto à personalidade.

Boa parte do que parecia espontâneo era encenado para o Reichsministerium für Volksaufklärung und Propaganda.

O ministros de Bolsonaro são vendedores de óleo de cobra. Aquele que grita mais alto enquanto o país é destruído ganha um Brasilino do chefe.