O que Marco Feliciano foi fazer em Boston, afinal?

Atualizado em 5 de setembro de 2013 às 21:25

A diretora do Centro do Imigrante Brasileiro contou ao Diário como foi a única reunião da pauta do pastor deputado na cidade.

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O deputado Marco Feliciano esteve em Boston para, conforme anunciou, lutar “pelos direitos das centenas de brasileiros que estão presos aqui nos EUA por estarem ilegais”.

A viagem aconteceu no dia da votação da cassação do deputado Natan Donadon. Feliciano faltou. Justificou-se afirmando que já havia embarcado quando a votação começou. A passagem estaria marcada há dois meses.

Contou também que viajou a convite de “líderes religiosos” e não com dinheiro público. Avisou que levaria um relatório sobre os imigrantes e que iria apresentá-lo à Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara.

Nos dias que passou lá, MF fez uma preleção na Revival Church for The Nations. Apresentou-se na “Escola Bíblica de Obreiros”, que tem como fundador o pastor Ouriel de Jesus.

E quanto aos imigrantes?

Bem, aí é outra história.

De acordo com a diretora executiva do Centro do Imigrante Brasileiro, Natalícia Tracy, houve apenas uma reunião, exatamente na casa de Ouriel de Jesus. Natalícia esteve nesse encontro com Feliciano e os imigrantes. “Recebi muitas críticas por ter estado com ele”, diz. “Foi para falar dos presos. A única coisa que ele disse foi para as pessoas lhe mandarem seus projetos”.

O número oficial de brasileiros em Boston é de 70 mil. Extraoficialmente, calcula-se que haja entre 200 e 250 mil. Não há, segundo ela, denúncias graves de violações de direitos humanos. Professora da Universidade de Massachussets, Natalícia está nos EUA há 18 anos. Casou-se com um americano. Sua organização luta contra a discriminação, oferece orientação jurídica e aulas de inglês.

“Foi uma visita religiosa. Os membros mais influentes da comunidade não queriam nem ouvir falar no nome dele”, diz. “Se eu soubesse que a casa onde ocorreu a reunião era desse pastor, não teria ido. Ele é malvisto pelos nossos ativistas”.

Para Natalícia, o consulado não tem a capacidade de oferecer todo o apoio de que os brasileiros necessitam, mas houve uma melhora. Não por causa de Marco Feliciano. “A reunião com ele foi apenas isso: coisas da política.”