
O ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes, aprovou o acordo de colaboração premiada com o tenente-coronel Mauro Cid, ex-assessor do ex-presidente Jair Bolsonaro. A delação abrange investigações sobre milícias digitais e potenciais irregularidades cometidas durante o mandato de Bolsonaro, incluindo a venda de presentes oficiais.
Cid ganhou liberdade provisória, sob medidas cautelares específicas. Deve seguir regras estritas, que incluem o uso de uma tornozeleira eletrônica, limitações para sair de casa nos fins de semana e à noite, e um afastamento obrigatório de suas funções no Exército.
O Que Cid Revelará
Mauro Cid desempenhou um papel íntimo na vida de Bolsonaro e outros membros proeminentes do seu governo. Ele testemunhou reuniões, recebeu informações sigilosas e foi responsável por movimentações financeiras heterodoxas durante o mandato.
Seus depoimentos podem oferecer informações valiosas para as investigações em andamento, particularmente relacionadas ao inquérito das milícias digitais e à venda de presentes oficiais.
O militar era conhecido por seu meticuloso registro de informações. Em buscas em sua residência em maio, a polícia apreendeu uma vasta quantidade de dispositivos eletrônicos e documentos escritos, incluindo informações relacionadas a “emendas parlamentares e o valor de 8,9 milhões de reais”, decisões do STF, e até questões relativas ao TSE e urnas eletrônicas.
Ele tinha até um quarto no Palácio da Alvorada. Cid fez do seu celular uma espécie de raio-x da cabeça oca do chefe.
Roteiro da Delação
- Declaração a Instituições de Controle: Mauro Cid decidiu confirmar a própria culpa e identificar outros indivíduos envolvidos, com o intuito de obter benefícios legais, como a redução de pena.
- Rodadas de Depoimentos: Autoridades coletam testemunhos do colaborador para avaliar a validade e o peso das informações fornecidas.
- Negociação de Benefícios: Além da potencial redução de pena, outras vantagens podem ser negociadas de acordo com a qualidade da delação.
Embora ainda seja cedo para antecipar o alcance total da colaboração, os dados preliminares sugerem que Bolsonaro pode estar enfrentando mais do que apenas questionamentos sobre a venda de presentes oficiais; ele pode estar sujeito a implicações em investigações mais amplas e potencialmente mais graves.
De acordo com Alberto Zacharias Toron, advogado criminalista, “quanto maior e mais importante for a delação do ponto de vista do desvendamento do crime, maior é a redução da pena, até chegar no limite da imunidade penal”.