
Uma ala do Supremo Tribunal Federal (STF) considera improvável que o pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR) seja atendido e o senador Sergio Moro (União-PR) seja preso. Ministros da Corte críticos da Lava Jato, entretanto, avaliam que a ação pode pressionar o ex-juiz. A informação é da Folha de S.Paulo.
O argumento dos magistrados é de que Moro, que agora é parlamentar, precisa ter cautela redobrada com suas ações e declarações. Gilmar Mendes, responsável por acionar a PGR contra o ex-juiz, disse a pessoas próximas que ele precisa ter mais respeito pelo cargo e lembrar que não está mais em Curitiba.
Apesar de acreditarem que a prisão do senador é improvável, os ministros creem que a denúncia da PGR gera desgaste ao parlamentar. Aliados de Moro afirmam, nos bastidores, que a procuradoria tem atuado de maneira política para fazer gestos ao presidente Lula e para Augusto Aras tentar viabilizar sua recondução ao cargo.
A vice-procuradora-geral da República, Lindôra Araújo, é responsável pela denúncia contra o ex-juiz. Ela pediu que Moro seja condenado a prisão e que ele perca o mandato se a pena for superior a quatro anos.
“Ao atribuir falsamente a prática do crime de corrupção passiva ao ministro do Supremo Tribunal Federal Gilmar Ferreira Mendes, o denunciado Sergio Fernando Moro agiu com a nítida intenção de macular a imagem e a honra objetiva do ofendido, tentando descredibilizar a sua atuação como magistrado da mais alta Corte do país”, escreveu a procuradora.
Em sorteio realizado nesta segunda (17), a ministra Cármen Lúcia foi definida como relatora do caso. A denúncia se deu após vídeo em que Moro sugere que Gilmar Mendes vende habeas corpus. “Instituto para comprar um habeas corpus do Gilmar Mendes”, afirmou em registro que aparece conversando com colegas.
Segundo Moro, a fala “foi retirada de contexto” e “não contém nenhuma acusação contra ninguém”.