O que motivou o fim da trégua entre Comando Vermelho e o PCC

Atualizado em 30 de abril de 2025 às 12:17
Marcinho VP, um dos principais chefes do CV, e Marcola, que comanda o PCC. Foto: Reprodução

A trégua entre o Comando Vermelho (CV) e o Primeiro Comando da Capital (PCC), que teve início em janeiro de 2025, não durou muito tempo. O armistício foi formalizado por líderes de ambas as facções, mas logo foi interrompido devido a disputas locais e dificuldades de implementação, conforme informações do Globo.

A proposta de trégua, inicialmente apoiada por Reinaldo Teixeira dos Santos, o Funchal, membro da cúpula do PCC, acabou sendo inviável. Como ele mesmo mencionou a seu advogado na Penitenciária Federal de Brasília: “Sabemos o quanto isso é complexo no contexto geral, porque temos que respeitar as regionalidades e a opinião de todos.”

O principal motivo para a ruptura, de acordo com autoridades, foi o conflito entre as “regionalidades”, termo citado por Funchal. Apesar de a trégua ter sido anunciada em um “salve” conjunto em 25 de fevereiro, a paz não se espalhou de forma uniforme pelo país.

Em estados como Mato Grosso do Sul e Acre, os efeitos foram visíveis na segurança pública, enquanto em outros, como Mato Grosso, Ceará e Bahia, a guerra entre as facções continuou.

O promotor Lincoln Gakiya, do Gaeco, atribui a falha do acordo à dificuldade de implementação em facções com estruturas diferentes.

O PCC possui uma hierarquia rígida e uma estrutura piramidal, onde as decisões são tomadas pela cúpula e seguidas por todos, com punições severas para quem desobedecer. Já o CV, que funciona de maneira mais descentralizada, com lideranças regionais autônomas, não conseguiu manter a ordem no cumprimento da trégua.

Segundo Gakiya, interesses territoriais relacionados ao tráfico de drogas contribuíram para o fracasso do acordo. “Ninguém quer abrir mão do seu espaço”, afirma. O rompimento foi anunciado separadamente, com os “salves” indicando a discordância entre as facções.

Fim da trégua

O PCC afirmou que a trégua tinha como objetivo reduzir os homicídios, que atrapalham os negócios, mas foi interrompida por “questões que ferem a ética do crime”.

O CV, por sua vez, declarou que não mantém mais “qualquer aliança ou compromisso” com o PCC. O texto alerta ainda que o assassinato de inocentes segue proibido, citando mortes recentes de jovens que fizeram sinais atribuídos às facções com as mãos.

Outro fator que pode ter influenciado o fim da trégua foi a falta de apoio de Márcio dos Santos Nepomuceno, o Marcinho VP, principal chefe do CV no Rio de Janeiro. Para Gakiya, o aval de Marcinho VP era essencial para que o acordo tivesse sucesso, o que não ocorreu.

Um relatório da Secretaria Nacional de Políticas Penais (Senappen) apontou que Marcinho VP negou categoricamente qualquer acordo com o PCC, reafirmando que as facções continuam sendo inimigas.

A proposta de trégua teria sido iniciada por advogados fluminenses ligados ao CV, que levaram a proposta para os líderes do PCC, incluindo Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola, e Funchal.

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