
Desde domingo, eu e minha companheira começamos em casa com a nossa filha uma quarentena voluntária. Logo pela manhã de segunda, fomos informados pelos respectivos empregos do cumprimento de nossa jornada em home office (teletrabalho). Na mesma manhã nos encaminhamos ao médico por conta de uma consulta agendada para a menina num consultório especializado em alergias.
Na porta do estabelecimento, uma recomendação a quem estivesse com tosse e espirros para fazer uso de máscara. A médica que atendeu nossa filha estava usando uma.
No consultório muitos idosos e crianças, os grupos que devem formar a maioria dos pacientes da clínica.
Encerrado o atendimento, fomos para a farmácia comprar os remédios indicados pela medica, o que conseguimos, mas faltou o álcool gel. “Está em falta”, disse o atendente.
Observamos as pessoas nas ruas e no comércio. A sensação é de que a população não está entendendo o que está por vir.
E, certamente, a alienação das pessoas contribui para a disseminação de um vírus como esse.
Na sexta (13), ao sair do trabalho, no Centro do Rio, vi uma feira de empreendedores sendo montada na Praça Tiradentes, quando na mesma tarde a Prefeitura tinha emitido um alerta para que fossem evitadas aglomerações. Na rua ao lado, num bar, cerca de 50 pessoas bebiam como se não houvesse amanhã.
Obviamente com uma criança de dois anos de idade, eu e minha companheira estamos sensíveis e preocupados.
O espaço para brincar em 43 metros quadrados, o tamanho do apartamento, deixa a menina entediada. “Papai, rua, pula-pula”.
Na base do teletrabalho, ficamos escrevendo no smartphone e no notebook. Minha companheira, como trabalha em uma rádio, a todo momento grava informes. E a criança não para…
Tem casa para limpar; manter a louça limpa; roupa para lavar na máquina; troca de fralda; comida por fazer e o grupo do trabalho no WhatsApp.
Assim, no refúgio DO lar, a minha família tenta se adaptar a uma nova rotina. Produzimos notícias, já que somos jornalistas, gravamos matérias, brincamos com a menina e assistimos desenhos como da “Peppa Pig” para não deixar a menina na solidão da TV.
” Ih, Lobão, tá na hora do remédio da criança”- lembra a companheira mamãe, em meio à produção textual ou do serviço doméstico.
Falo todo dia com minha mãe no WhatsApp, pedindo informes dela, que mora no outro lado da cidade. “Estou bem, meu filho, pode ficar tranquilo” – me informa.
Os programas da mídia alternativa no YouTube com análises informam, mas nos deixam preocupados e reflexivos. Na terça, me emocionei com a entrevista de uma jornalista brasileira, Márcia Villanova, que mora na Itália, dada ao youtuber progressista Rogério Anitablian. Uma frase me marcou muito. ” A gente no isolamento não pode abraçar e beijar quem nos é próximo. E essa situação nos faz valorizar atitudes simples como essa de afeto”, contou a brasileira de forma emocionada.
Meus sogros, quase meus vizinhos, também se mostram antenados, sempre trocando informações pelo WhatsApp em conferência de vídeos. E a vida segue em nossa quarentena, só saindo do apartamento para descartar o lixo e comprar algum mantimento na farmácia ou supermercado.