O que nós queremos no Dia da Mulher. Por Nathali Macedo

Atualizado em 8 de março de 2016 às 13:32

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Nós conhecemos o verdadeiro significado do dia oito de março.

Nós, as mulheres pensantes.

Nós sabemos que as rosas são um detalhe totalmente dispensável e os chocolates – que encarecem nesse período, como não poderia deixar de ser – só servem como paliativo passageiro e muito pouco eficiente para as questões que realmente interessam.
Nós sabemos que esta é uma data de celebração às nossas conquistas e à nossa luta que jamais terminou. Um dia para que o mundo se lembre de que ainda estamos aqui e ainda queremos ser ouvidas.

Acontece que, ainda hoje, o oito de março tem servido tão somente ao capitalismo: presentes, promoções fajutas na “semana da mulher”, comerciais que cultivam a feminilidade que ainda tanto nos rotula.

Essa feminilidade que, aliás, não nos representa.

Nós não queremos consumir apenas batons. Nós não precisamos de uma indústria estética que nos adoece para simplesmente nos extorquir e depois nos transformar em bibelôs impecáveis, objetos de decoração em um mundo que não nos enxerga além da imagem.

Recebemos uma rosa no dentista e somos assediadas no transporte público na volta para casa. Chocolates na mesa do trabalho em que ganhamos menos do que o nosso colega homem. Festas em “homenagem” à mulher em que pagamos menos para servirmos de isca para homens assediadores.

Nada disso nos interessa.

O que queremos desse sistema é o que ele jamais nos dará de bom grado – teremos que ir à luta, como temos ido.

Na atual conjuntura, o dia internacional da mulher não passa de uma celebração hipócrita. O oito de março tem sido celebrado da maneira mais conveniente para o patriarcado e para o capitalismo: Presentes que mascaram a eterna preguiça de ouvir as mulheres. De saber o que realmente queremos.

Para nós, o dia da mulher não precisa – e não deve – ser cor-de-rosa. Recusamos as flores mortas e os bombons com pouco teor de açúcar porque, afinal, nenhuma mulher pode engordar.

O que nós queremos não pode ser adquirido na floricultura ou no shopping – custará o seu tempo, o seu esforço e a sua empatia. Nós queremos os seus ouvidos – porque só nos ouvindo vocês podem, verdadeiramente, nos presentear com a única coisa que nos interessa: a liberdade.

Nenhuma flor redime o que o patriarcado fez e faz às mulheres todos os dias. Sutiãs de presente não nos servem – mesmo porque nós já queimamos todos.

No dia da mulher, o melhor presente que você pode dar é o respeito à nossa luta e a vazão à nossa voz.