O que o DCM contou e o que ainda vai contar sobre a apreensão de coca no helicóptero dos Perrellas

Atualizado em 29 de abril de 2014 às 15:59

helicoptero

 

A série de reportagens sobre a apreensão de 445 quilos de pasta base de cocaína no helicóptero da família Perrella trouxa à tona uma série de revelações.

Elas são fruto do nosso segundo projeto de crowdfunding, bancado inteiramente pelos leitores.

Eis onze dos pontos mais importantes levantados até agora pelo repórter Joaquim de Carvalho:

  1. A Polícia Federal conduziu um inquérito sobre o qual o Ministério Público Federal vê indícios de farsa. O procurador Fernando Amorim Lavieri preferiu enxergar indícios de grampo, não de tráfico. O processo que poderia ser mortal para os acusados – os cinco conhecidos e outros que poderiam ser apontados – já nasceu com um antídoto. O juiz decidiu libertar os réus sem ouvi-los.
  2. Na investigação, a polícia não informa quem financiou a operação – que custou pelo menos R$ 6 milhões –, mas isentou rapidamente a família Perrella do rol dos suspeitos. Entre os servidores da Justiça Federal, a ação foi apelidada de “Helicoca”. O nome de Zezé Perrella aparece na transcrição de uma troca de mensagens entre um dos pilotos, Rogério Almeida Antunes, e um primo dele chamado Éder, de Minas Gerais. “Man, eu quase derrubei a máquina do Zezé”, escreveu ele em seu Iphone, usando o Whatsapp.
  3. Há outros envolvidos no transporte da cocaína, além dos cinco denunciados, que não foram ouvidos pela Polícia Federal.
  4. A droga, importada do Paraguai, ficou guardada num hotel fazenda em Jarinu, interior do estado de São Paulo, mas a polícia não aprofundou a investigação que poderia levar aos financiadores do tráfico.
  5. O local exato de onde o helicóptero da família Perrella trouxe cerca de meia tonelada de pasta base de cocaína é Pedro Juan Caballero, no Paraguai. O pouso ocorreu por volta das 9 horas do dia 22 de novembro. Dois homens, um deles brasileiro, ajudaram a colocar a carga preciosa no bagageiro e nos bancos do helicóptero.
  6. A rota do “Helicoca” foi a seguinte: São Paulo-Avaré-Porecatu (Paraná)-Pedro Juan Caballero-Porecatu-Avaré-Jarinu-SãoPaulo-Jarinu-Divinópolis-Afonso Cláudio (Espírito Santo).
  7. Os traficantes ficaram apenas três meses e meio na cadeia e foram soltos no dia em que prestariam depoimento à Justiça.
  8. Um juiz federal estuda anular o processo por uso de provas ilícitas e o helicóptero pode ser devolvido à família Perrella.
  9. O piloto Alexandre José de Oliveira Júnior, que foi libertado, contou como foi o voo da coca. Alexandre afirmou que foi “usado por pessoas poderosas” e que agora teme morrer.

    Alexandre no Campo de Marte
    Alexandre no Campo de Marte
  10. Há dois envolvidos no caso que têm relações com o futebol: Robson Ferreira Dias, vulgo Vovô, qualificado no inquérito como comerciante em Araruama (RJ), e o empresário Élio Rodrigues, do Espírito Santo. Em 2013, os dois se associaram num negócio: levaram do Rio para Vitória um jogador chamado David. O atleta ficou hospedado numa quitinete de Élio enquanto treinava no Desportiva, time capixaba.
  11. A origem da investigação que levou à prisão no Espírito Santo é São Paulo, mas a polícia não diz onde e como soube que o helicóptero dos Perrellas pousaria em Afonso Cláudio com quase meia tonelada de cocaína.

 

Há grandes perguntas: Quem financiou a operação? Para onde ia a droga?

A apuração continua e, nas próximas semanas, teremos mais informações. Fique ligado.