O que o irmão de Bruno Gagliasso fez para ganhar com cargo público? O mesmo que você! Por Nathalí Macedo

Atualizado em 22 de abril de 2019 às 13:55
Thiago Gagliasso

Governo de Blogueirinhos.

Acredite se quiser, mas Thiago Gagliasso (irmão de Bruno Gagliasso) foi nomeado para o cargo em comissão de assistente da Superintendência de Artes da Secretaria de estado de Cultura e Economia Criativa (SECEC) Rio.

A especialidade do mais novo nomeado? “Influenciador digital com grande número de seguidores” – foi o que declarou o Órgão ao anunciar o novo nome para a pasta. “Gagliasso está trazendo a experiência do seu canal no Youtube e perfil no Instagram para as redes sociais da SECEC”.

Então tá.

Eis o significado de cultura pra essa gente: números.

Em suas primeiras semanas de trabalho, Gagliasso já mostrou a que veio com uma chamada bem organizada no Instagram, acompanhada de uma selfie de carão: “você que tem seus projetos, ligados a cultura e economia criativa, entre em contato, direct o que for!” (?) Acho que ele quis dizer que vale direct, telepatia, sinal de fumaça ou “o que for” pra quem quiser enviar um projeto para a SESEC.

Eles vão ler o seu projeto sim, pode confiar.

Gagliasso não tem nenhuma experiência no setor público, e uma jornada, digamos, limitada na vida artística. Sua última peça, “um quase Gagliasso”, é sobre um tema relevantíssimo para a cultura em geral: a história de um jovem ator de TV e os bastidores da vida das celebridades.

Que interessante.

Aliás, não existe rosto melhor para a ideia de cultura desta terrível Era Witzel/Bolsonaro: um homem branco de olhos claros, inexperiente e com um ~grande número de seguidores~.

Faz tempo que a cultura carioca chora o próprio desmonte. Mesmo não sendo do Rio, eu apostaria que o Rio não merece isso.

A situação caótica tampouco tem previsão de melhorar. Afinal, o governador Wilson Witzel pensa em apostar em parcerias público-privadas para o setor. É o velho “tem que privatizar tudo” somado ao “abaixo a Lei Rouanet!” “Vários empresários do setor já me procuraram, inclusive alguns recordistas de bilheteria”, declarou a’O Globo quando eleito.

É o horror: cultura não é manifestação popular, é máquina de lucro, e não são os bons artistas que são valorizados, são os artistas com mais seguidores no Insta.

Não apenas o Rio de Janeiro, mas o Brasil como um todo está entregue a uma corja que não faz a menor ideia do que significam arte e cultura. Salve-se quem puder.