O que os militares ganham para sustentar as loucuras de Bolsonaro? Por Moisés Mendes

Atualizado em 21 de outubro de 2020 às 18:19
Bolsonaro, Heleno e seus amigos militares. Foto: Reprodução/Blog do Moisés Mendes

Publicado originalmente no blog do autor

Se Bolsonaro mandar Eduardo Pazuello embora, por causa da vacina chinesa, estará dispensando o oitavo general.

Incluindo Hamilton Mourão, que já está escanteado e não será seu vice em 2022, são oito.

Mais três e dá pra fazer um time de generais usados e depois esnobados e humilhados por Bolsonaro.

A questão hoje nem é mais o drama dos que saem, mas o constrangimento dos que ainda ficam.

Por que ficam? O que os militares ganham para sustentar as loucuras de Bolsonaro, enquanto ele destrói a imagem das Forças Armadas?

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PAZUELLO INFECTADO
Eduardo Pazuello caminhava para uma racionalidade, mesmo que precária.

Foi contido por Bolsonaro. A informação que amplia o drama dos militares engajados a um delírio é esta: Pazuello foi infectado.

Bolsonaro humilhou um oficial que, já com a suspeita de contágio, tentou desafiar seus desatinos e se aproximar dos que lutam por uma vacina que nos salve.

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E SE FOSSE…
O voluntário brasileiro que morreu estava testando a vacina de Oxford.

Dá para imaginar qual seria o clima hoje no Brasil se o médico João Pedro Feitosa estivesse testando a vacina chinesa.

Não vamos nos surpreender com futuras tentativas criminosas de sabotagem (não só retóricas e de boicote político) da vacina chinesa.

A guerra macabra de Bolsonaro contra os esforços para contenção da pandemia está apenas no começo.

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VAI AMARELAR?
Está com o Supremo a decisão sobre a obrigatoriedade da vacina do novo coronavírus.

O STF vai analisar uma ação em que os pais de uma criança de São Paulo contestam a obrigatoriedade de regularizar a imunização de seu filho.

O argumento é esdrúxulo: o casal se apresenta como adepto da filosofia vegana e contrário a intervenções medicinais invasivas.
Mas quando irão decidir? Talvez só no fim do ano, quando Bolsonaro tiver se acalmado. O Supremo anda muito cuidadoso…

É possível que o Supremo amarele e permita que cada um decida o que fazer? É possível. O Supremo anda muito quieto.

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NOTÓRIO SABER
Anotei apressado, para não perder uma preciosidade em seus detalhes, uma das respostas do futuro ministro do Supremo Kassio Nunes Marques, na sabatina hoje na comissão do Senado.

Disse ele, com boa entonação na voz, como se já estivesse togado:
Se uma pessoa for considerada culpada, deve ser condenada. Se for considerada inocente, deve ser absolvida.

Só não foi aplaudido porque os senadores são muito contidos.