O que podem achar com Marcos do Val além do distintivo da Swat? Por Moisés Mendes

Atualizado em 15 de junho de 2023 às 21:39
Senador Marcos do Val falando e gesticulando, olhando pra frente
Senador Marcos do Val (Podemos) – Reprodução

O que pode ter sido encontrado como prova relevante, na operação de busca e apreensão da Polícia Federal na casa, no gabinete e em escritórios de um sujeito investigado há quatro meses, como é o caso do senador Marcos do Val, do Podemos do Espírito Santo?

É provável que achem mais uma minuta do golpe, como encontraram na casa do delegado Anderson Torres?

Um sujeito com expertise (a palavra que a direita adora) na área da arapongagem e que se diz instrutor da Swat pode guardar por tanto tempo, por arrogância ou ignorância, provas contra ele em computadores, celulares e arquivos físicos?

A PF teria apreendido dois celulares do senador, que não estava em nenhum dos três endereços das buscas. Celulares dele, mas usados por assessores?

Marcos do Val, que disse em fevereiro ter sido mandado por Bolsonaro para um encontro com Moraes, com a missão de grampear o ministro, teria algo comprometedor guardado até agora?

Nessa quinta-feira, a PF bateu nos endereços do senador bolsonarista que integra a CPI do Golpe como investigador e como investigado, o que só existe no país de Tim Maia.

Parece improvável que, quatro meses depois do início das investigações contra ele, alguma prova relevante possa ser encontrada.

Podem achar conversas e mensagens, que não há como deletar, nos arquivos em nuvem dos celulares?

Nada do que envolve a extrema direita pode ser considerado impossível. Já encontraram coisas inimagináveis com os fascistas, e principalmente em celulares.

O certo é que Marcos do Val está na fila da morte política dos que desafiaram o Supremo e, se a PF achar o que procura, pode ter a alma encomendada.

O ex-deputado Daniel Silveira, que também teria induzido Do Val a grampear Moraes, desafiou o ministro e está preso, condenado a oito anos de cadeia.

Silveira atuava na mesma linha de buscar o confronto direto com Moraes, como se a afronta o fortalecesse junto ao bolsonarismo e assim lhe garantisse alguma imunidade política.

Na quarta-feira, um dia antes da busca a apreensão, o senador escreveu no Twitter, sem correção do texto:

“Seguindo o que determina a constituição, cabe aos senadores fiscalizar, afastar e até impeachmar ministros do STF. É notório em todos os meios jurídicos e entre e entre os magistrados, por todo o Brasil, as ações anticonstitucionais do ministro Alexandre de Moraes”.

Na quinta-feira, pouco antes das buscas, o sujeito disparou vídeos e outros conteúdos via zap para grupos de amigos, dizendo, entre outras coisas, que Moraes seria convocado pela CPI porque soube antes, pela Abin, que o 8 de janeiro iria acontecer.

Se soube, pergunta o golpista, por que não tomou providências?

O que fez Moraes enquanto o homem da Swat o atacava? Autorizou a PF a fazer busca e apreensão que já sido solicitada há mais tempo, inclusive com pedido de prisão negado pelo ministro.

Mandou fazer as buscas exatamente no dia do aniversário do homem que diz entender de arapongagem.

Pedalaram as portas dos endereços do sujeito, abriram suas gavetas e levaram seus equipamentos.

Do Val pode ser tão desimportante no blefe do golpe que talvez encontrem apenas um distintivo da Swat, vendido em lojinhas de souvenirs, e nada que possa incriminá-lo.

Publicado originalmente no Blog do Moisés Mendes

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