O que poderiam fazer as forças democráticas diante de R$ 3 bilhões para o Centrão? Por Gilberto Maringoni

Atualizado em 2 de fevereiro de 2021 às 11:45
Bolsonaro com sua grande arma

Publicado originalmente no Facebook do autor:

Por Gilberto Maringoni

Desenha-se com clareza uma vitória de Bolsonaro.

É uma tragédia, num país com 225 mil mortos pela irresponsabilidade e conduta criminosa do governo e das Forças Armadas.

Diante da disponibilidade de R$ 3 bilhões para a compra dos deputados do centrão, o que poderia ser feito pelas forças democráticas, pensando-se no mundo real?

De todas as táticas, a purista é a pior.

É cômoda, por não entrar na política em uma disputa que se tornou estratégica para o governo.

A tática purista lembra o PT dos anos 1980, o PT do colégio eleitoral em 1985 e da Constituinte, em 1988.

Malabarismos estéreis para a plateia.

Não intervem no jogo. O que têm a falar é: “Vejam, vivo na lama, mas sou limpinho”.

Rodrigo Maia sai minúsculo dessa refrega, ao querer uma candidatura de direita pura e dura, na qual a esquerda entraria como figurante. Esfacelou-se no meio do caminho. Errou feio.

A derrota de Bolsonaro só poderia ser obtida com uma aliança ampla, que colocasse taticamente juntos a esquerda, a centroesquerda e um pedaço da direita.

O que a situação deste final de noite revela? Que PSDB, DEM e MDB vivem uma crise estrutural. No Congresso, são os maiores derrotados.

Mesmo assim, não há o que comemorar: a vitória de Bolsonaro é uma derrota pesada para a esquerda e para o povo.

Espero que os que atacam as frentes amplas – por coerência – parem de falar em impeachment.

Ele só será obtido com os votos de 2/3 dos deputados. Que não se encontram exatamente na banda canhota do Legislativo.