O que se espera do presidente da CPMI é que decrete a prisão dos farsantes. Por Chico Alencar

Atualizado em 30 de junho de 2023 às 20:11
Deputado federal Arthur Maia (MDB-BA), presidente da CPMI dos atos golpistas de 8 de janeiro. Foto: Reprodução

Por Chico Alencar

A CPMI da intentona golpista foi convocada – o leitor deve se lembrar – pelas forças de direita que a apoiaram. A ideia era ter um palco para vender a falsa versão de que os que depredaram a Praça dos Três Poderes na verdade seriam “esquerdistas” – fizeram aquilo para depois jogar a culpa nos “patriotas” de direita.

Seria cômico, se não fosse pura maluquice. Só que o tiro saiu pela culatra. A correlação de forças políticas da CPMI impediu que a extrema direita ficasse com a maioria dos cargos. Assim, desmontou-se a farsa.

Mas os articuladores do golpe continuam a inventar narrativas que não têm respaldo na realidade.

Foi o que se viu com os dois mais importantes depoimentos dados até aqui na CPMI, marcados por descaradas mentiras.

Silvinei Vasquez, diretor geral da Polícia Rodoviária Federal (PRF) na época de Bolsonaro, disse, na maior cara dura, que os bloqueios de estradas no 2º turno da eleição presidencial foram “equilibrados”, nada dirigidos a regiões onde Lula tinha maior potencial de votos.

Deu números falsos, logo desmentidos pela própria PRF.

Na terça-feira (27), foi a vez de o coronel Jean Lawand Jr. Em mensagens de WhatsApp encontradas pela PF no celular do tenente-coronel Mauro Cid (o “faz tudo” de Bolsonaro que está preso), implorava por ordens golpistas do então presidente – com a aquiescência de Cid, diga-se (“passo a passo, coisas estão acontecendo, estamos na luta, general Heleno esteve aqui!”).

Lawand (haja lavanda para tanta cara de pau!) disse que apenas clamava “por manifestação de Bolsonaro para que as pessoas voltassem para casa, apaziguando o país”. Falso testemunho total.

A mentira foi tamanha, que nem mesmo bolsonarista raiz engoliu. “Mais inteligente seria ter usado o seu direito de permanecer em silêncio”, disse o senador Marcos Rogério (PL-RO).

Quem mente em CPMI pode ter sua prisão em flagrante decretada. Mas o presidente da Comissão, Arthur Maia (União-BA), limitou-se a avisar que “mentir pode acarretar prisão”. E os mentirosos saíram livres e soltos (não sei se leves, tamanho o peso da farsa que encenaram).

“Mente, mente, mente/ E de tanto mentir tão bravamente/ constroem um país de mentira/ diariamente”, já disse Affonso Romano de Sant’Anna em “A implosão da mentira”.

Aguarda-se a ida de Mauro Cid, Anderson Torres (ex-ministro da Justiça) e do ‘capo di tutti capi’ Jair Bolsonaro à CPMI. A tendência é que mintam também, pois o caminho está aberto e têm muito a esconder.

Frente às próximas falsidades, o que se espera do presidente da CPMI é que decrete a prisão dos farsantes. A democracia agradece.

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