O que se sabe da explosão que matou filha de ideólogo ultranacionalista próximo de Putin

Atualizado em 21 de agosto de 2022 às 10:42
Daria Dugina e seu pai, o controverso pensador Alexander Dugin
Foto: Reprodução/Telegram

 

A filha de um ideólogo russo próximo ao Kremlin, fervoroso defensor da operação militar russa na Ucrânia, Alexander Dugin, foi morta na noite deste sábado (20) quando seu carro explodiu, na região de Moscou. A informação foi divulgada neste domingo (21) pelo Comitê de Investigação Russa. Daria Dugina era jornalista e cientista política, e também demonstrava apoio aberto à ofensiva russa na Ucrânia.

Ela dirigia um Toyota Land Cruiser quando o veículo explodiu e pegou fogo em uma rodovia perto do vilarejo de Bolchiye Viaziomy, a cerca de 40 quilômetros de Moscou. A jovem, nascida em 1992, “foi morta no local”, especifica o comunicado de imprensa.

O jornal britânico “The Guardian” informa que destroços foram projetados na estrada e o carro foi engolido pelas chamas, antes de se chocar contra uma cerca. De acordo com os investigadores, um explosivo foi colocado no veículo, e tudo indica que “o crime foi previamente planejado e ordenado”.

Um inquérito por “homicídio” foi aberto, acrescenta o Comitê responsável pelas principais investigações criminais do país.

Segundo parentes, citados por agências de notícias russas, o intelectual e escritor ultranacionalista Alexander Dugin, 60, seria o alvo da explosão, e sua filha Daria pegou o carro emprestado para esse deslocamento. Promotor da doutrina “eurasianismo”, uma espécie de aliança entre a Europa e a Ásia sob liderança russa, Alexandre Dugin, influencia parte da extrema direita inclusive em outros países, como a França.

Alvo de sanções

Desde 2014, ele é alvo de sanções da União Europeia (EU), tomadas após a anexação da Península da Crimeia pela Rússia. Nos últimos anos, a Ucrânia baniu vários de seus livros, incluindo “Ucrânia, Minha Guerra – Diário Geopolítico” e “A Vingança Eurasiana da Rússia”.

A filha dele, a jornalista e cientista política Daria Dugina, era alvo de sanções britânicas desde julho. Londres a acusa de disseminar “desinformação sobre a Ucrânia” online.

O líder da República Popular de Donetsk (DNR), território autoproclamado separatista pró-Rússia, no leste da Ucrânia, Denis Pushilin, acusou neste domingo as forças ucranianas de estarem por trás do atentado e assassinato de Daria Dugina. “Terroristas do regime ucraniano tentaram liquidar Alexander Dugin, mas explodiram a sua filha”, disse Pushilin no Telegram.

“Se a pista ucraniana for confirmada, e deve ser verificada pelas autoridades competentes, será a política de terrorismo de Estado posta em prática pelo regime de Kiev”, reagiu, também no Telegram, a porta-voz da diplomacia russa, Maria Zakharova.

Um conselheiro da presidência ucraniana, Mikhailo Podoliak, negou qualquer envolvimento de Kiev neste ataque. “A Ucrânia, sem dúvida, não teve nada a ver com a explosão de ontem, porque não somos um Estado criminoso”, disse Podoliak em um comentário na televisão.

 

Texto originalmente publicado no site RFI.

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