Alguma coisa está errada quando você mata filhos e netos da pessoa com quem está brigando.
Profundamente errada.
A morte de um filho e de três netos de Gaddafi num ataque das forças comandadas por Estados Unidos, França e Inglaterra faz pensar.
Segundo as informações, os três netos tinham menos de 12 anos. O filho, 29.
É isso que se chama “proteger civis”?
Repare. Cada vez que os Estados Unidos pegam em armas uma atrocidade está prestes a ser cometida. O país que matou 300 mil pessoas em Hiroxima quando Hitler já estava morto e a guerra vencida não se emenda. Fala em liberdade, mas pratica a agressão. Do Vietnã ao Iraque, do Afeganistão à Líbia, não existe um caso de intervenção militar americana que seja defensável moralmente.
Há muito tempo me chama a atenção que para os Estados Unidos existem os “mortos dos outros”, que não valem nada, e os “nossos mortos”, que valem tudo. Imagine se um filho de um presidente americano morresse em circunstâncias parecidas com aquelas que mataram o caçula de Gaddafi. Teríamos que ouvir isso pelo resto das nossas vidas como justificativa para qualquer coisa.
É um momento baixo, que deveria constranger, embaraçar, envergonhar as potências ocidentais.
E mostrar que o caminho escolhido para lidar com o caso líbio é um horror: barbárie real a pretexto de combater alegada barbárie. Todo o discurso feito não dissipou a dúvida sobre o que move as forças aliadas — o amor ao petróleo ou o amor às causas humanitárias.
Estão, enfim, conseguindo o que parecia impossível: transformar Gaddafi num mártir.
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