
As primeiras imagens de Jim Caviezel caracterizado como Jair Bolsonaro no filme “Dark Horse” circularam nas redes neste fim de semana. O ator, conhecido por interpretar Jesus em “A Paixão de Cristo”, foi fotografado no set e rapidamente virou assunto, impulsionado também pela divulgação feita pelo deputado federal Mario Frias, roteirista da produção.
Frias tem dito que a presença da direita na cultura é estratégica e afirma que Caviezel representa um símbolo de fé e propósito na leitura política do projeto.
O filme é dirigido pelo obscuro Cyrus Nowrasteh e ainda não tem previsão de estreia. O roteiro supostamente aborda o atentado sofrido por Bolsonaro em 2018 e outros momentos de sua trajetória. Bolsonaro cumpre pena de 27 anos na Superintendência da Polícia Federal em Brasília, após condenação por liderar uma trama golpista. A escolha de Caviezel para interpretá-lo se tornou um capítulo à parte, dado o histórico do ator.
Caviezel tem ocupado espaço constante em eventos da extrema direita nos Estados Unidos e se aproximado de grupos alinhados a teorias conspiratórias. Durante a promoção de “Sound of Freedom”, um lixo panfletário que aborda tráfico de crianças, ele entrou no movimento QAnon e passou a difundir uma imbecilidade chamada “teoria do adrenocromo”, que afirma que elites globais extraem hormônios de crianças aterrorizadas para rituais secretos.
O ator mantém amizade com figuras como Steve Bannon e já encerrou entrevistas recitando discursos de Ronald Reagan. Gosta de rezar o Pai Nosso em aramaico com um sotaque picareta inesquecível.
O envolvimento de Caviezel com “Sound of Freedom”, produção inspirada na trajetória de Tim Ballard, ativista e palestrante, aproximou ainda mais o ator de ambientes em que fake news circulam com força. Ballard, ligado a Donald Trump e fundador da organização Operation Underground Railroad, OUR, é presença frequente em conferências que atraem simpatizantes do QAnon. Ele foi demitido da organizaçã que fundou por assédio sexual.
Vídeos da participação de Caviezel mostram plateias celebrando suas falas sobre uma suposta rede de pedofilia que envolveria Hollywood, empresários e políticos do Partido Democrata. Apoiadores passaram a tratá-lo como uma espécie de porta-voz de revelações secretas.
Relatos de colegas de produções passadas descrevem episódios de comportamento extremo, com recusa a atuar em cenas envolvendo personagens LGBTQIA+, discursos religiosos intensos no set e atitudes racistas. Pessoas que trabalharam com ele na série “Person of Interest” afirmam que ele fazia caricaturas de sotaques e se referia a minorias com estereótipos agressivos.
Há relatos também de ataques a muçulmanos e defesa de que relacionamentos inter-raciais não deveriam aparecer na TV. A combinação entre sua guinada ideológica e um fascista como Bolsonaro cria um ambiente carregado em torno de “Dark Horse”.
A presença de Mario Frias no roteiro e a participação de Jim Caviezel na linha de frente dão ao filme um tom político explícito antes mesmo de estrear. A única certeza é de que um troço desses, com essa turma, não corre o menor risco de prestar.
Primeiras imagens de Jim Caviezel interpretando Jair Bolsonaro para o filme Dark Horse.
Jim deu vida a Jesus Cristo em A Paixão de Cristo. Seu último sucesso foi Sound of Freedom.
Não vejo a hora de assistir 😎#FlavioBolsonaroPresidente2026 pic.twitter.com/dp0zAoko9w
— Katia Matos (@crismonteiro687) December 7, 2025