A cantora que tirou Gangnam Style do topo da parada

Atualizado em 2 de dezembro de 2012 às 8:05

Gain, 25 anos, uma espécie de Madonna coreana, pode virar, como Psy, uma sensação mundial

Gain

Eumakh significa música em coreano. Seguido de “ponto com”, significa um site cuja intenção é promover artistas do K-Pop, ou pop coreano, àqueles que não compreendem a língua asiática.

O site, que funciona como um plugin no Facebook, ainda não está em pleno funcionamento. Nós nos tornamos usuários (a versão “beta” está sendo utilizada por pouco mais de 5 mil pessoas, que têm que passar por uma lista de espera). Sua interface é extremamente fácil, e é o grande diferencial entre a Eumakh e qualquer outro canal do Youtube. Mas também a interatividade é limitada.

O que determinará o sucesso ou fracasso do Eumakh não é sua funcionalidade, mas sua utilidade. Será que há tantos fãs de pop coreano por aí? Ou o Psy foi um estouro à parte?

A história pode nos ajudar: mil novecentos e sessenta e poucos, Invasão Britânica nos EUA. Vários artistas foram à América na cola dos Beatles. Logo, a tendência é que o mesmo aconteça com o Psy, certo?

Errado. As condições eram diferentes. Primeiro, falávamos de um mercado local (americano), com TV e rádio dominando a comunicação (pelo menos no que diz respeito à música), em um país que precisava de ídolos. Este país era politica, financeira e culturalmente dominante no mundo. Quem fizesse sucesso lá, faria em qualquer lugar.

Hoje, falamos de um mercado global. O que determinou o sucesso do Psy foram pessoas que vivem da Sibéria à Argentina. Ainda há influência americana, e é grande, mas não é a mesma daquele momento.

Os EUA também já não precisam de ídolos como naquele momento. A disputa por espaço no mercado americano é enorme. Eles sobram. E sobram em todo lugar. No Brasil, mais ainda.

A presença da internet como mídia central para a divulgação artística também muda o jogo um bocado. Quando um programador escolhe o sua estação de rádio toca, é mais seguro ir com algo semelhante ao que faz sucesso. Hoje, com a interatividade, o “ouvinte” simplesmente ouve o que bem lhe entende, de forma que, na minha opinião, é muito mais provável que a próxima “ultima bolachinha do pacote” seja de uma outra cultura do que novamente coreana.

Em suma, acho que a idéia do Eumakh é legal, mas não acho que vai pegar – pelo menos, não assim, no mainstream. O Eumakh pode ser um canal direcionado e ter muito sucesso se essa for a intenção. Mas não é o YouTube.

Fiz, de toda forma, uma imersão nele que me deu acesso ao melhor e o pior do pop local.

Uma imensidão de chatices fica no caminho do que há de legal, como acontece em todo lugar. Alguns padrões se destacam: aqueles caras gostam de cores; aqueles caras gostam de tudo que tem forma de balinha; aqueles caras gostam de tudo que parece pelúcia.

Enfim, a grande maioria dos artistas ali  parece não ter muita chance no mercado internacional. Não serão novos Psys. Mas uma música me chamou atenção.

A artista se chama Gain, e a música Bloom. Este trabalho tem os ingredientes necessários. Não quer dizer que vá chegar lá, mas tem os ingredientes para chegar.

Basta dizer que Bloom tirou Gangnam Style do topo da parada na Coréia.

Primeiro de tudo: a música é muito bonita. Composição boa, melodiosa, harmoniosa. O arranjo é dance music, mas passeia com classe pela disco e pelo funk. É muito bem cantada e interpretada a música. Me lembra Madonna dos anos 90/00.

O vídeo também é muito bonitinho (exceto por um trecho cafona com um projetor, mas tudo bem). E a dança é muito boa. Muito diferente, como tem sido, por padrão, os últimos grandes sucessos pop internacionais.

Vale a pena assistir.(O vídeo está abaixo deste texto.) Se alguém tem chance de ser um novo fenômeno do K-Pop, é a Gain, aos 25 anos. Os outros, nem mais do mesmo são – são genéricos piores que o original.