O que Xuxa fez tem nome e se chama ecofascismo, o casamento do ambientalismo com a supremacia branca

Atualizado em 27 de março de 2021 às 12:55
Xuxa

Agora se vê por que Marlene Mattos proibia Xuxa de dar entrevistas.

Numa live no Instagram da Alerj (Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro) sobre direitos dos animais, a ex-apresentadora veio com uma tese peculiar.

Defendeu que  cosméticos e remédios sejam testados em prisioneiros, ao invés de animais. Não parou aí.

“Eu tenho um pensamento que pode parecer muito ruim para as pessoas, desumano. Na minha opinião, existem muitas pessoas que fizeram muitas, muitas coisas erradas e estão aí pagando pelos seus erros num ad aeternum, para sempre em prisões”, falou.

“Poderiam ajudar nesses casos. Pelo menos serviriam para alguma coisa antes de morrer, para ajudar a salvar vidas”.

Isso tem nome: ecofascismo, o casamento entre ambientalismo e supremacia branca.

Os ecofascistas se esforçam para alcançar uma pureza ambiental e social. A explicação é sempre “razoável”. 

“Ela está certa. Para que testes em animais inocentes quando temos gente assassina, latrocida e etc. presa? Poderiam sim servir à humanidade dessa forma”, disse um sujeito nos comentário do DCM (a mensagem foi eliminada).

Para eles, é necessário o sacrifício de seres “inferiores” pelo bem do planeta. Isso está de acordo com a xenofobia e a eugenia.

Dados de 2020 do Anuário Brasileiro de Segurança Pública mostram que, de cada três presos, dois são negros. Um mundo mais Meneghel é mais bonito.

O ecofascismo surgiu no início do século passado, atingiu o pico na década de 70, no nascimento do movimento ambientalista moderno, e agora cresce com os debates sobre imigração, mudanças climáticas e covid-19.

O fundador das primeiras organizações de conservação de sequoias e búfalos selvagens da Califórnia foi o fundador.

Madison Grant, presidente do zoológico do Bronx, foi responsável pelo sequestro de um homem negro e por colocá-lo numa jaula com macacos.

Para ele, a raça nórdica estava em declínio e sua geração tinha autoridade para decidir quais vidas deveriam ser preservadas ou descartadas.

Em 1906, escreveu “A passagem da grande raça, ou: A base racial da história europeia”, que mais tarde se tornaria a bíblia pessoal de Hitler.

Em 1968, Paul Eirich, um entomologista de Stanford, publicou “Bomba Populacional”, em que argumentou que a destruição ecológica e a maioria dos problemas sociais na Terra poderiam ser atribuídos à superpopulação e a esterilização era a solução.

Os ecofascistas de hoje baseiam-se na teoria de Eirich, segundo o qual a salvação da natureza passa obrigatoriamente por reduzir drasticamente o número de humanos.

Chamar a covid-19 de “vacina do planeta” carrega um tom subjacente de ecofascismo.

Xuxa não é ecofascista, mas repete essas ideias sem saber de onde vêm — o que torna ainda mais perigoso.

Tudo em nome das melhores intenções. Ilari, ilari, ilariê.