O recorde de feminicídios em São Paulo está na conta de Tarcísio e Nunes

Atualizado em 2 de dezembro de 2025 às 9:07
Tainara Souza Santos, 31 anos, internada em coma após ser atropelada e arrastada na Marginal Tietê

Em 2025, a cidade de São Paulo registrou o maior número de feminicídios desde o início da série histórica, com 53 casos entre janeiro e outubro, segundo dados da Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo.

Este aumento alarmante no número de mortes de mulheres, vítimas da violência doméstica e do desprezo pela condição feminina, não pode ser ignorado. A responsabilidade por esse cenário de crescente violência, que se reflete na morte de mulheres de todas as idades, deve ser compartilhada com os governantes que têm se mostrado ineficazes em enfrentar esse problema sistêmico.

Tarcísio de Freitas, governador de São Paulo, e Ricardo Nunes, prefeito da cidade, precisam ser responsabilizados por essa crise. A ausência de políticas públicas eficientes para combater o feminicídio e a violência contra a mulher, aliada à loucação de uma PM assassina, cria um caldo cultural e estrutural que favorece a perpetuação dessa violência.

Embora o feminicídio seja um crime autônomo, qualificado pela Lei do Feminicídio, a prevenção efetiva desse tipo de violência depende de uma abordagem integrada que envolva diferentes esferas da administração pública, algo que tem sido negligenciado. Não há campanha de conscientização, não há nada.

A recente tragédia envolvendo a mulher de 31 anos que foi atropelada e arrastada por mais de um quilômetro pelo ex-companheiro, até a Marginal Tietê, é um exemplo claro de como a violência contra a mulher continua a crescer em São Paulo.

Além disso, as tentativas de feminicídio, como a de Evelin de Souza Saraiva, que sobreviveu a um ataque a tiros dentro de uma pastelaria, continuam a ser comuns. Crimes que chocam pela crueldade e pela forma como a violência é exercida contra as mulheres.

A falta de uma resposta coordenada e efetiva por parte dessa dulpa mostra um descompasso com as necessidades reais da população, especialmente as mulheres que, todos os dias, enfrentam a violência em suas casas, nas ruas e em seus locais de trabalho.

As mortes de mulheres em São Paulo, como as de Tainara Souza Santos e Evelin de Souza Saraiva têm as digitais de Tarcísio e Nunes. Sem tomar medidas concretas e eficazes para proteger as vítimas e garantir que os agressores sejam responsabilizados de maneira exemplar, o quadro tende a se perpetuar. O que se vê é uma política pública que falha em lidar com a gravidade do problema, deixando as mulheres, mais uma vez, à mercê de canalhas.

Davi Nogueira
Davi tem 25 anos, é editor e repórter do DCM, pesquisador do Datafolha e bacharel em sociologia pela FESPSP, além de guitarrista nas horas vagas.