Publicado originalmente no Tijolaço:
Por Fernando Brito
Duas flores da ética e da decência politica – Jorge Kajuru e Jair Bolsonaro – divulgaram uma conversa telefônica onde combinam uma forma original de “melar” a CPI da Covid, que o senador Alessandro Vieira já havia formalizado com um maroto “aditamento” para que os 27 Estados e dos mais de 5.550 municípios entrem no escopo da investigação.
Nem é preciso dizer que se a CPI dedicar as suas sessões à suspeitas em torno de compras de luvas cirúrgicas em Quixeramobim, São José dos Ausentes e de Conceição do Mato Dentro, teria que se estender até 2045 e não produzirá resultado algum.
Mas, segundo a dupla bolsonarista se não for assim a CPI iria fazer, nas palavras presidenciais, “um relatório sacana” contra o Governo, porque “a CPI vai simplesmente ouvir o Pazuello, ouvir gente nossa”.
Quem a CPI deveria ouvir num inquérito sobre uma epidemia em escala mundial e nacional, que já matou já mais de 350 mil pessoas? O prefeito de Conceição do Araguaia, no Pará? Ou sobre as dezenas de mortes horrendas por falta de oxigênio no Amazonas, deveria ouvir o prefeito Barrozo Eufrásio, de Amapurá, no Alto Solimões amazonense?
Seria “sacana” um relatório que listasse que o presidente da República reagiu com “e daí?”, “não sou coveiro”, “é só um gripezinha” ou “sou messias, mas não faço milagres” é a escalada de mortes, aos milhares, dezenas de milhares, centenas de milhares?
Ou o senhor Jair Bolsonaro também acha “sacanagem” dizer que ele fazia (e faz) propaganda da aglomeração, do não uso de máscaras e de entupir os brasileiros com drogas inúteis para evitar ou combater o vírus?
É óbvio que quer não só usar expedientes diversionistas como, sobretudo, usar o episódio, como ele próprio diz “fazer do limão uma limonada” e investir contra o STF.
Não se espere muito desta CPI, portanto. A própria atitude do senador Kajuru – sim, acontecem coisas estranhas em Goiás – ao pedir que Bolsonaro “livrasse a sua cara” nas críticas que faz à CPI, demonstra bem a altivez e a coragem de nossos senadores. Outros, por certo, hão de pedir favores mais substanciais.
A CPI, sim, vai produzir agitação, mas não é provável que produza resultados formais.
Não é provável, mas também não é impossível.
Haverá pressão da mídia, das redes, dos fatos que surgirão. E da exibição do conteúdo dos intestinos deste governo, com o conteúdo próprio deste tipo de entranhas.
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