O segredo do Airbnb, o site de aluguel de imóveis que virou um fenômeno no Brasil por causa da Copa

Atualizado em 24 de maio de 2014 às 11:08
Casa no bairro de Laranjeiras, no Rio
Casa no bairro de Laranjeiras, no Rio

 

Se você está pensando em ganhar um dinheirinho extra durante a Copa, talvez seja bem mais fácil do que imagina. Ponha para alugar o seu apartamento ou casa por curta temporada. Essa foi a motivação de parte dos 20 mil brasileiros, de várias cidades do país, mas principalmente daquelas que vão sediar jogos da Copa, a anunciar seus suas próprias moradias no site Airbnb — um desses negócios dos novos tempos que se transformou em fenômeno.

O esquema do site depende unicamente dos usuários. Você anuncia sua casa por meio de fotos e uma descrição e estabelece os valores. Para fazer a reserva, o interessado já tem que lançar seu cartão de crédito, mas o pagamento é efetivado apenas no check in. O site fica com 3% do dinheiro do anfitrião e são acrescidos de 6 a 12%, dependendo da quantidade de dias, na conta do hóspede.

Isso é o suficiente para gerar uma receita de 250 milhões de dólares no ano passado, segundo estimativa do Wall Street Jounal. E também para atrair celebridades, como Ronaldinho Gaúcho, que anunciou no site sua casa no Rio de Janeiro por uma diária de 34 mil reais.

Mas você não precisa ter uma mansão para anunciar lá. Na verdade, boa parte dos 550 mil anúncios dos site são de casas modestas e até de quartos, espalhados por 194 países e 34 mil cidades. O site fez sua versão brasileira em abril de 2012, estabelecendo uma sede em São Paulo. “Antes mesmo de abrirmos um escritório no Brasil já tínhamos um número considerável de usuários e anfitriões aqui”, diz Christian Gessner, diretor geral do Airbnb no Brasil.

“A empresa apresenta um crescimento de mais de 1550% na quantidade de anúncios no Brasil inteiro desde o começo das operações locais no primeiro trimestre de 2012. Em relação aos viajantes o Airbnb registra crescimento de mais 400%”. Hoje, o site já tem base no Rio de Janeiro, que Gessner considera um dos “principais mercados do mundo”.

Os torcedores estrangeiros parecem estar atentos aos benefícios do site — principalmente os valores de estadia muito menores do que hotéis convencionais. Isso talvez explique, pelo menos em parte, o baixo número de reservas em hotel até agora nas cidades-sedes da Copa do Mundo: apenas 45% dos 48 mil leitos, segundo o Fórum de Operadores Hoteleiros do Brasil.

Enquanto isso, no Airbnb, os anúncios vêm aumentando à taxa de mil por mês, “o que nos deixa muitos felizes, já que o Airbnb no mundo inteiro é feito de anfitriões que compartilham e ganham dinheiro com o espaço que não estão usando ou não vão usar em um determinado período”, diz Gessner.

Pode parecer um pouco estranho, a princípio, sair de sua própria casa, com seus móveis, suas lembranças e manias para que estranhos a ocupem com direitos adquiridos. Mas, na verdade, há um certo espírito comunitário, incentivado pelo site, que promove uma “ética de viajante”. Em outras palavras, a boa vontade em receber hóspedes, travar intercâmbio internacional, com um considerável respeito pela moradia alheia, ainda que a estadia seja paga  — e se isso não funcionar, todos os anfitriões podem usufruir de um seguro contra perdas e danos, feito automaticamente nas reservas.

Esse, pelo menos, foi o espírito com que Nathan Blecharczyk, Brian Chesky e Joe Gebbia criaram o site em São Francisco, em 2008. Houve um evento na cidade e como os hotéis estavam lotados, resolveram ganhar um dinheiro oferecendo estadia em colchões infláveis. Daí veio o nome: air bed and breakfast (colchão inflável e café da manhã).

Hoje, o Airbnb já é uma verdadeira ameaça para a rede hoteleira mundial. Afinal, se você pode se hospedar num belo apartamento em Manhatan, Nova York, no Quartier Latin, em Paris, ou no bairro dos Jardins em São Paulo, pagando 60 dólares por dia, por que você optaria por um hotel “meia-boca” pelo dobro do preço?

Em Nova York, a empresa vem empreendendo uma batalha judicial para se livrar da perseguição do procurador-geral Eric Schneiderman, que acusa o site de fazer negócios sem pagar impostos. É verdade, não há como negar. Mas aqui no Brasil, não há esse empecilho: a lei permite sublocação.