O sexo, o ciúme e o budismo

Atualizado em 21 de novembro de 2012 às 20:49

 

 

Catherine Millet. Conhece? Não faz mal.

Ela é uma francesa que, basicamente, deu para todo mundo e contou. Cathetine escreveu um livro em que narrou suas múltiplas, e ponha múltiplas aí, aventuras sexuais. A capa você vê aí em cima. Tremendo sucesso. O amante depois faturou também. Publicou um livro com as fotos de sua mulher nua. Mais um sucesso. O casal explorou muito bem o sexo.

Voilà.

Não comprei o livro do marido, mas, se não me engano, li o livro de Millet. Não tenho certeza, o que significa o seguinte: se li, perdi tempo e não recomendo. Mas não tive como não me inteirar com a vida dela, contada na época em tudo que era jornal e revista.

Interessante como mesmo em nossos tempos você  descrever sua vida sexual num livro é uma fórmula precisa de sucesso. As pessoas estão mais conectadas virtualmente num computador do que nos órgãos sexuais reais, blogam bem mais do que copulam, mas um livro de coitos todo mundo compra.

Pois a francesa escreveu um segundo livro de memórias. Que começam com a descoberta, no computador, de que seu marido tinha tido alguns casos. Ela é tomada de um ciúme feroz. O nome do livro é exatamente este, Ciúme. Liga para ele e cobra explicações. O cara avisa que ao chegar em casa vai contar tudo e conta.

O que me chamou a atenção, ao ver a resenha no jornal, foi a cara de pau da francesa. Quem encara o sexo de uma maneira tão natural como ela está moralmente impedido de ciúme sexual. Para viciados em sexo, o ato do coito é tão primitivo e instintivo como respirar ou andar. Como, portanto, ter ciúme de quem anda ou respira?

Pode ser que ela esteja desejando vender mais livros. É uma possibilidade.

Está dito na resenha que ela parou de ter orgasmos ao se masturbar depois que soube das amantes do marido. Exceto ao imaginá-lo, de costas, penetrando-as com fúria.

O quê?

Extraordinaire.

Me ocorreu imediatamente a bunda chacoalhante, medonha de Willem Dafoe em O Anticristo. Uma visão pavorosa.  Reforçou minha absoluta convicção de que, se nascer mulher em outra vida, serei lésbica.

Há, em toda mulher, uma idade de fazer amor e uma idade de fazer meditação transcedental. (Nos homens também, um pouco depois, talvez, ou pelo menos assim espero.) Conheci algumas mulheres que, depois de terem feito sexo quase como Madame Millet, se tornaram monjas de ordens budistas e estão aí fazendo casamentos budistas, palestras etc.

Talvez fosse um bom caminho para ela. Budismo também vende bem em livros.