O show de horrores na Funai é a gota d´água para o Brasil deter Bolsonaro

Atualizado em 23 de dezembro de 2019 às 11:32
Índios confrontam extrativistas ilegais na Amazônia. Foto: Reprodução/Twitter

São estarrecedoras as declarações do subprocurador-geral da República, Antônio Carlos Bigonha, sobre a condução de Marcelo Augusto Xavier da Silva no comando da Fundação Nacional do Índio.

Em entrevista ao Globo, afirma que em 27 anos de PGR nunca viu uma administração da autarquia como a atual.

Marcelo Xavier ignora recomendações do MPF e, segundo o procurador, não responde aos pedidos de audiência para tratar de decisões que têm colocado os direitos dos índios em xeque.

Entre as medidas apontadas como irregulares está a proibição pela Funai de deslocamentos de servidores para dar assistência a Terras Indígenas.

Bigonha conta que a Defensoria Pública da União solicitou a anulação da diretriz, sob pena de responsabilização civil, criminal e administrativa, mas Xavier ignora os pedidos, ferindo direitos garantidos pela Constituição.

O procurador lembra que a obrigação constitucional da autarquia é trabalhar pela defesa dos interesses dos indígenas, mas o que ocorre é justamente o oposto.

Na realidade, a Funai está seguindo os preceitos que Bolsonaro já anunciava na campanha eleitoral, quando o Brasil o tinha como um louco varrido e exótico.

Só que esse sujeito ganhou a eleição e está no comando do país.

– Vejo na Funai hoje uma forte tendência ideológica contra o indígena, diz o procurador. Eles não são pagos para fazer ideologia. São pagos para cumprir a lei e a Constituição. É uma postura incompatível com o estado democrático de direito.

Incrédulo com o show de horrores que está assistindo, Bigonha alerta para os riscos que Marcelo Xavier está correndo.

– Ele é delegado de polícia e sabe que isso pode ser um problema para vida inteira.

Já se falou aqui que Bolsonaro não tem pudor em destilar ressentimento contra setores como educação, cultura e comportamento, para ficar em apenas três exemplos. O problema com relação a índios e quilombolas é mais grave por colocar em risco vidas humanas.

– Nunca vi uma coisa dessas, sem precedente no Brasil e no mundo, diz o procurador. Um presidente de uma autarquia indigenista que não gosta de índio. É inédito.

Alguém precisa deter Bolsonaro.