Destaques

O silêncio cúmplice de Gabeira, que fez palestra promovendo Dallagnol, diante do fim da Lava Jato

Gabeira e Dallagnol com a fundadora do Vem Pra Rua do RJ no lançamento do livro do procurador

Fernando Gabeira está de bico calado sobre o escândalo da Lava Jato.

Na verdade, me conta um amigo, fez um artigo meia bomba no Estadão de sexta, 14, chamado “Um país nada monótono” em que passa pano na sujeira.

“A proximidade entre juiz e promotor não é muito questionada quando se trata do combate a uma organização criminosa comum. É normal até a prisão de advogados de defesa”, afirma o Gabeira.

E um abraço.

Não é de se estranhar.

Gabeira é um dos casos mais flagrantes da imprensa nacional em matéria de embarcar em roubadas e jamais pedir perdão a contento a quem enganou.

Sinal, entre outras coisas, de profunda covardia intelectual. Inclua nesse balaio o MBL e Jair Bolsonaro.

Ganhou prestígio e dinheiro batendo nas esquerdas e, principalmente, em Lula e o PT.

Tem “legitimidade”, já que participou do sequestro do embaixador americano Charles Elbrick. “Lugar de fala”, se preferir.

Gabeira se curou da doença infantil do esquerdismo, foi para a direita, Elio Gaspari o adotou, os jornalistas seguidores de Elio fizeram o mesmo e hoje ele tem coluna no Globo e programa na GloboNews (infalível para insônia).

Na campanha, elogiou Bolsonaro como “uma forma de virar a mesa”, entre outros eufemismos.

Jair retribuiu se declarando “apaixonado” numa sabatina televisiva e dando um “abraço hétero” no admirador.

Gabeira sempre foi um dos maiores propagandistas da República de Curitiba.

Dedicou dezenas de artigos à turma, invariavelmente encomiásticos.

A operação era “irreversível”, a fundação feita com 2,5 bilhões da Petrobras era um “escorregão”, os ministros do Supremo que a criticam são “lobos” querendo “devorá-la”.

Em 2016, assinou o prefácio do best seller de Vladimir Netto, repórter do Jornal Nacional e filho de Míriam Leitão, sobre Moro e cia.

A obra, como se sabe, serviu de base para “O Mecanismo”, a empulhação de José Padilha.

Os procuradores, escreve, “perceberam que era necessário modificar e fortalecer a lei para que o Brasil não se tornasse presa fácil dos políticos e empresários corruptos”.

A Lava Jato “é um extraordinário trabalho de equipe”.

As qualidades de Moro: “o grande conhecimento técnico, as perguntas meticulosas, as sentenças fundamentadas e a coragem de enfrentar a pressão dos advogados mais bem pagos do país”.

Em maio de 2017, Gabeira participou de um evento de lançamento de um livro de Deltan Dallagnol no Teatro Leblon, no Rio.

O cachê que recebeu para “entrevistar” Dallagnol, da mesma editora que a sua, não veio a público.

A certa altura, fez uma blague amistosa com o parceiro.

“Uma das grandes críticas que foram feitas ao seu trabalho foi a apresentação de um PowerPoint. Ali eu acho que você cometeu um erro, porque você diz que o Lula é o comandante de tudo. E agora nós ficamos sabendo que ele é apenas o chefe”, falou.

Gargalhadas gerais.

Foi apenas mais uma noite de aluguel de consciência para Fernando Gabeira, a antena para as grandes picaretagens nacionais. 

Não será surpresa se FG aparecer num chat com “Deltan” trocando receitas de bolo.

 

Kiko Nogueira

Diretor do Diário do Centro do Mundo. Jornalista e músico. Foi fundador e diretor de redação da Revista Alfa; editor da Veja São Paulo; diretor de redação da Viagem e Turismo e do Guia Quatro Rodas.

Disqus Comments Loading...
Share
Published by
Kiko Nogueira

Recent Posts

Aliados aconselham Bolsonaro pressionar Tarcísio e lançar Michelle à Presidência

Em reuniões realizadas nesta semana, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) recebeu conselhos de aliados para…

2 minutos ago

X, de Elon Musk, admite ao STF que contas bloqueadas no Brasil burlaram restrições

A rede social X, de Elon Musk, admitiu na última sexta-feira (26) ao Supremo Tribunal…

15 minutos ago

Socialite Regina Gonçalves nega casamento com motorista e denuncia roubo de joias

No retorno ao seu apartamento no Edifício Chopin, em Copacabana, a socialite Regina Gonçalves, de…

46 minutos ago

Filho de Almirante Negro responde ofensas de comandante ao pai: “Herói do povo”

Adalberto Cândido, o único filho vivo de João Cândido Felisberto, conhecido como o "Almirante Negro",…

58 minutos ago

As polêmicas da trajetória de Anderson Leonardo, do grupo Molejo

Anderson Leonardo, vocalista do Molejo, que morreu aos 51 anos na última sexta-feira (26) vítima…

1 hora ago

VÍDEO – Homem negro é morto durante abordagem policial nos EUA: “Não consigo respirar”

Frank Tyson, um homem negro de 53 anos, morreu em Ohio, nos Estados Unidos, após…

2 horas ago