
O que provocou o vendaval do qual resultou a morte em poucos dias do tablóide semanal inglês News of The World, aos 168 anos de existência, foi uma informação em torno do caso de uma adolescente sequestrada e afinal assassinada.
O Guardian, que vinha dando os furos sobre a violação de caixas postais pelo NOW na busca de furos, afirmou que a menina fora objeto dessa estratégia criminosa. Segundo o Guardian, o NOW entrou na caixa postal da garota e deletou mensagens para que novas pudessem entrar. O jornal poderia dar furos assim. A família, quando soube que a caixa fora mexida, achou que ela ainda estava viva.
Não estava.
Esse episódio causou uma comoção tal na opinião pública inglesa que o NOW foi fechado na edição seguinte, com uma manchete que dizia: “Obrigado e Adeus”.
Poucos meses depois, as investigações da polícia vão em outra direção. A polícia, esta semana semana, afirmou não haver evidências de que o tablóide tenha deletado mensagens. Uma vez ouvida uma mensagem, ela automaticamente é deletada em pouco tempo. Foi isso, aparentemente, o que aconteceu.
Tudo indica que foi uma barrigada histórica do Guardian – um jornal de alto nível, levemente inclinado para a esquerda.
Isso não absolve o NOW de todos os crimes jornalísticos que cometeu na ânsia obscena de conseguir furos. Mas é curioso que o tablóide possa ter morrido não pelo que fez, mas que pelo não fez.
De toda forma, o NOW não deixa saudade. É um mau defunto. Será lembrado, enquanto houver jornalismo, como uma prova irrefutável de que existem limites –éticos, morais, legais – que publicação nenhuma pode ultrapassar na busca de furos.