O entorno do ex-presidente Jair Bolsonaro teme que a troca de comando da Procuradoria-Geral da República (PGR) feche mais o cerco contra ele. Mesmo com as trocas promovidas pelo presidente Lula na Polícia Federal, na Receita Federal e na Abin (Agência Brasileira de Inteligência), bolsonaristas contavam com a boa vontade de Augusto Aras para blindá-lo na Justiça. A informação é da coluna de Malu Gaspar no Globo.
A PGR vinha se posicionando a favor do ex-presidente em inquéritos nos quais ele é alvo no Supremo Tribunal Federal (STF) e foi com base num posicionamento do órgão que Bolsonaro e a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro ficaram em silêncio em depoimento à Polícia Federal na última quinta (31).
A tendência, acreditam bolsonaristas, é que o novo procurador-geral da República dê novo fôlego às investigações do Supremo, reduza ainda mais o capital político de Bolsonaro e aumente os riscos de uma prisão.
“Quando mudar o comando da PGR, vai ter apresentação de denúncia e o Supremo vai aceitá-la, colocando Bolsonaro no banco dos réus”, diz um interlocutor do ex-presidente.
Um dos nomes apontados para assumir o posto no próximo dia 26 é Paulo Gonet, vice-procurador-geral eleitoral, que já defendeu a condenação de Bolsonaro por abuso de poder político e uso indevido dos meios de comunicação no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que declarou sua inelegibilidade. Ele é defendido pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF.
Caso Gonet seja escolhido, é possível que a PGR acabe com a tese usada pela defesa do casal e haja uma reviravolta no inquérito que apura interferência de Bolsonaro na Polícia Federal, denunciada pelo senador Sergio Moro (União-PR), ex-ministro da Justiça.