Michel Temer é um homem com medo. Fraco e com medo.
Além do desastre de sua temporada no poder, com ministros dando declarações estúpidas e voltando atrás, recebendo nulidades anabolizadas como Alexandre Frota, envolvidos na Lava Jato — há agora a expectativa da revelação das conversas do chefe com Sérgio Machado, ex-presidente da Transpetro.
Os áudios já custaram o emprego de Romero Jucá, o constrangimento de Renan e Sarney e o resto de dignidade de Aécio Neves.
Expuseram também, claro, os intestinos do golpe. A imagem do STF, que já era ruim, fica queimada por período indeterminado depois do pedido de aumento de Lewandowski a Dilma, relatado por Renan Calheiros.
A cabeça de Temer já apareceu nas gravações. Falta o resto do corpo.
Machado contou que “contribuiu” para a campanha de Gabriel Chalita a prefeito de São Paulo em 2012 a pedido de Temer. “O Michel, eu contribuí pra ele. Ajudei na campanha do menino. Até falei com ele [Michel] num lugar inapropriado”, relatou.
Não fica claro qual foi a “contribuição”, mas é difícil que não se trate de dinheiro. Chalita era o candidato preferencial de Temer, que o acompanhou no dia da votação. “Um nome correto e adequado para o PMDB”, definiu o ex-vice decorativo.
A campanha recebeu 11,7 milhões de reais, segundo a Justiça Eleitoral — dos quais 97% repassados pelo partido, um truque legal que impossibilita conhecer quem doou o dinheiro. Essa grana toda não impediu um desempenho pífio.
Embora Machado assevere que colaborou com Gabriel Chalita por causa de Temer, quem coordenou a campanha, no final, foi Eduardo Cunha. Ligue os pontinhos.
O que virá nas conversas com Temer? Aliados admitem que ele “pode ter” se encontrado Sérgio Machado nos últimos meses. A assessoria confirma, embora não haja registro na agenda oficial (alô, Marco Antonio Villa).
Por menos comprometedor que seja o teor do papo, o impacto num momento tão flagrante da incompetência será devastador. No bunker de Dilma, acredita-se que isso pode virar o jogo no Senado.
Temer já tinha dado provas de sua fraqueza de espírito. Bateu a mão na mesa numa coletiva após ser chamado de “golpista” no Congresso. Um gesto teatral antiquado e inútil, que mostra apenas descontrole emocional.
“Sabem os senhores que temos sido vítimas de agressões. Sei como funciona isso. Agressão psicológica para ver se amedronta o governo”, falou.
“Nós precisamos mais do que nunca pacificar, harmonizar o país. Não podemos permitir a guerra entre brasileiros, a disputa quase física”, prosseguiu o sujeito que conspirou, traiu e derrubou a titular de sua chapa.
É um sujeito assombrado, que vive sob a espada de Dâmocles do vazamento de um ex-aliado. Michel Temer e seus capangas ganharam, mas não levaram. O interino administra uma farsa que será ainda mais desnudada depois que seu encontro com Sérgio Machado vier a público.