O TRF 4 no beco sem saída: a eventual condenação de Lula vai deixá-lo mais isolado nas pesquisas. Por Kiko Nogueira

Atualizado em 23 de janeiro de 2018 às 9:30

 

A se confirmar a barbada da condenação de Lula no julgamento do TRF 4, o resultado deverá ser o mesmo que vem se repetindo ao longo de sua perseguição jurídica: crescimento nas pesquisas.

É como se fosse um recado da democracia ao arbítrio. O conluio entre a Globo e o Judiciário convence os velhos usuários de camisa da CBF, que já estão convencidos. Mais ninguém.

Fábio Vasconcellos, doutor em Ciência Política, mestre em comunicação pela UERJ e graduado em Jornalismo, consolidou em seu blog a série do Datafolha desde a condução coercitiva em 2015.

Diz ele:

Vejam que após o depoimento, o ex-presidente apresentou forte inclinação negativa na sua curva de intenção de voto. Mas, logo em seguida, recupera-se e passa a registrar intenções de voto sempre crescentes. A exposição do caso, como é possível notar, teve efeito positivo para o ex-presidente. Ele partiu de um patamar de cerca de 17% após o depoimento para a casa dos 22%. E não parou mais de subir.

(…)

Jair Bolsonaro (PSC), por sua vez, não apresenta um crescimento imediato após o depoimento de Lula. Sua curva de intenções de voto só começa a apresentar inclinação positiva no fim de 2016. Antes disso, ele registrou percentuais que variaram dentro da margem de erro. Entre dezembro de 2016 e abril de 2017, no entanto, Bolsonaro passou de 8% para 14%, depois registrou 16% em julho de 2017. Desde então tem variado dentro da margem de erro, com pico de 18% no fim do ano passado.

Quem está ganhado com o antilulismo lavajateiro é Lula. Sua rejeição diminuiu desde que foi condenado em primeira instância por Moro, em julho de 2017. A do juiz vingador, no entanto, sobe.

Eis a sinuca de bico em que se meteram os suspeitos de sempre. Vão tentar completar o serviço do golpe com uma sentença ridiculamente frágil, que não teve o aval de um único jurista sério no país, cercados pelo que mais temem: povo.

O descompasso com a vontade popular, expressa nas sondagens, é um alerta, mesmo levando em conta a tradição bovina nacional.

Lula não vai desistir até o último minuto. Nem eles.

Em Porto Alegre, os desembargadores vão lhe dar mais um empurrão para se isolar de vez na liderança da corrida eleitoral, enquanto nos aproximam do precipício.