O triângulo amoroso de Malafaia com Doria e Alckmin e a incorreção da política. Por Carlos Fernandes

Atualizado em 19 de agosto de 2017 às 8:38
Deus é pai

Aconteceu na ExpoCristã 2017, o evento que autodenomina-se o maior mercado de produtos cristãos da América Latina (o nome é ridículo mas dá os sinais do que se pode esperar de algo assim).

Aliás, sabe aquele trecho da bíblia em que Jesus irado com os comerciantes no Templo de Salomão implorava: “Não façais da casa do meu Pai, casa de vendas, covil de ladrões”? Pois é! Dois mil anos depois e nada parece ter mudado.

Negócios à parte, estavam lá, lado a lado, Alckmin e Doria a ouvirem a “pregação” do pastor Silas Malafaia, aquele, que entre outras particularidades, está sendo investigado pela PF por suposto envolvimento no esquema de corrupção em cobranças judiciais de royalties da exploração mineral.

No seu já tradicional estilo espetaculoso de ser, Malafaia não decepcionou na verborragia delirante digna somente daqueles que se orgulham em fazer do preconceito, da misoginia, da intolerância e do cinismo, o caminho feliz para a exploração da fé alheia.

Silas representa o que de pior pode haver num pretenso líder religioso. Completamente indiferente aos dogmas de sua própria religião, o que esse mercador faz é utilizar-se da fragilidade e da boa-fé de pessoas humildes para construir um sultanato empresarial que se alastra país afora sob o patrocínio inescrupuloso do submundo da política.

É nesse bojo que deve ser entendida a presença de Alckmin e Doria na tal feira a levantarem as mãos a cada espasmo mental do Malafaia.

Ambos sabem o potencial eleitoreiro do escambo que se pratica ali. Em troca de vantagens financeiras através de benefícios fiscais e outras benesses do nosso falido Estado laico, os “portadores da Palavra” estão dispostos a entregarem o seu rebanho para o sacrifício.

Ainda que Alckmin seja conhecido como o “Santo” da Odebrecht e Doria tenha obrado o milagre da multiplicação dos ovos, seus interesses em eventos dessa natureza estão voltados para questões bem mais terrenas.

E se é terreno, é com o Mala.

Alckmin e Doria até pouco tempo atrás eram como irmãos, mas Caim ronda por essa relação. Malafaia que não é de perder oportunidades, flerta com os dois para saber quem dá mais em troca das almas (votos) de seus fiéis.

Verdade seja dita, os termos contratuais foram postos às claras na presença de todos. Para se conquistar a fidelidade de Silas, uma condição deve ser especialmente observada: a política praticada pelo pretendente não deve, em hipótese alguma, ser correta.

Nas suas palavras celestiais:

Quem quiser fazer graça na eleição para o politicamente correto, para a ideologia de gênero, casamento gay, legalização das drogas e aborto, vai embora, segue seu caminho”.

Bem, por falta de aviso não será.

Representantes da massa falida que hoje é o PSDB, Alckmin e Doria podem, e devem, ser adversários políticos na campanha presidencial de 2018.

Como dois tucanos não ocupam uma mesma vaga ao mesmo tempo, para isso já se negocia a ida do almofadinha para outra sigla de igual vocação mercantilista.

Acomodados todos, o jogo da sedução segue para as vias de fato. Malafaia aguarda de braços e bolsos abertos as melhores propostas. Ganha quem praticar a política mais incorreta.

Em se tratando desses dois, o duelo será emocionante.