O truque da Folha para manter a agenda nefasta de Guedes mesmo com a volta da turma de Cunha à Câmara. Por Luis Felipe Miguel

Atualizado em 1 de fevereiro de 2021 às 9:18
Paulo Guedes tenta começar o ano dando alguma satisfação ao mercado financeiro, retomando compromisso de desmonte do Banco do Brasil e do Estado – Evaristo Sa/AFP

Publicado originalmente no Facebook do autor:

Por Luis Felipe Miguel

Uma chamada da Folha online diz: “Bolsonaro conta com Lira para afastar impeachment e lançar bases para reeleição”.

A linha fina: “Se aliados vencerem na Câmara e no Senado, presidente buscará avançar na agenda ideológica”.

Outra chamada, logo abaixo: “Alinhamento entre Câmara e Senado deverá impulsionar pauta econômica, avalia governo”. Na cartola, aparece: “Agenda de Guedes”.

Claro, a “agenda de Guedes” não é “agenda ideológica”…

Em seguida, o jornal direciona para um texto de opinião: “A reforma administrativa precisa estar no centro da agenda”.

Dois comentários:

(1) A oposição a Bolsonaro, de parcelas da burguesia brasileira como a que a Folha representa, encontra sempre seu limite no projeto de destruição do Estado.

Por isso o ímpeto para tirar o genocida do poder sempre é refreado – afinal, é preciso preservar a “agenda de Guedes”.

(2) Enganam-se aqueles, à esquerda, que julgam que a derrota de Baleia não será um grave revés, que ele e Lira ou Maia e Bolsonaro são simplesmente farinha do mesmo saco.

Podem até ser. Mas estão engajados em projetos pessoais em conflito.

Por isso Maia barrou – e Baleia barraria – parte das iniciativas do Poder Executivo. Não por amor à democracia, ao povo ou ao país, mas por raso autointeresse. Tanto faz: sem isso, estaremos em situação bem pior.