O “ultimato” que Bolsonaro recebeu antes de cancelar compromissos

Atualizado em 2 de julho de 2025 às 17:52
O ex-presidente Jair Bolsonaro em um corredor do Hospital Vila Nova Star, em São Paulo, em abril. Foto: Reprodução

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) recebeu ordens médicas para suspender todas as atividades públicas após ser diagnosticado com esofagite grave, inflamação no esôfago causada pelo uso prolongado de sonda durante sua recuperação da última cirurgia abdominal. O problema se manifestou por meio de persistentes crises de soluço que levaram o ex-mandatário a passar mal na última terça-feira (1°) em Brasília, ao lado da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL).

“A pneumonia está controlada e nós descartamos qualquer nova cirurgia para a questão do abdômen neste momento. É hora de descansar e se recuperar, apenas”, explicou o cirurgião Cláudio Birolini, que acompanha Bolsonaro desde a operação realizada em abril, responsável pelo “ultimato” ao réu por tentativa de golpe de Estado.

Exames detalhados revelaram uma intensa inflamação no esôfago com erosões na mucosa e gastrite moderada, condições que exigem tratamento medicamentoso imediato e repouso absoluto.

O novo episódio de saúde acendeu alertas no comando do Partido Liberal (PL), onde cresce a preocupação com o impacto político da sequência de problemas médicos enfrentados pelo seu principal líder.

Apesar de inelegível pela decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Bolsonaro insiste em se projetar como potencial candidato em 2026, mas os recorrentes episódios hospitalares começam a alimentar dúvidas sobre sua capacidade física para uma campanha eleitoral. O ex-presidente também pode ser preso pela trama golpista.

O ex-presidente Jair Bolsonaro quando ficou internado no DF Star. Foto: reprodução

Por recomendação expressa da equipe médica e do próprio partido, ele cancelou todas as agendas previstas para julho, incluindo viagens a Santa Catarina e Rondônia, além de ter faltado a compromissos como o evento do PL 60+ na Câmara dos Deputados. A decisão contrasta com sua movimentação recente, que incluiu participação na manifestação da Avenida Paulista e viagem a Belo Horizonte, mesmo durante o tratamento para uma pneumonia infecciosa.

Os problemas de saúde de Bolsonaro remontam ao atentado a faca sofrido durante a campanha de 2018 em Juiz de Fora (MG), que desencadeou um ciclo de 13 internações e sete cirurgias ao longo dos últimos anos.

A mais recente intervenção, realizada em abril, foi uma laparotomia exploradora para desobstruir parte do intestino, complicação que já havia exigido procedimentos semelhantes em 2021 e 2023. A cirurgia exigiu reconstrução da parede abdominal e uso de sonda que agora provoca as complicações esofágicas.