O voto de Rosa foi um grito de liberdade dos fardos da Lava Jato. Por Moisés Mendes

Atualizado em 24 de outubro de 2019 às 20:23

Publicado no Blog do Moisés Mendes

Rosa Weber

Uma confissão muito pessoal, mesmo que submetida a possíveis vaias. Confesso que me emocionei com o voto de Rosa Weber. O voto que a ministra lia, tropeçando em sílabas e citações, induzia a várias saídas, mesmo que parecesse indicar o que acabou acontecendo.
Perto do final, o texto em defesa da presunção de inocência e contra a prisão em segunda instância tomou um rumo iluminado por muitas clareiras e clarezas.

O que me emocionou foi que, quanto mais se aproximava do desfecho, mais Rosa Weber espichava os suspiros e mais parecia se livrar de um peso.

Livrava-se dos fardos da Lava-Jato, da sombra disforme do ex-assessor Sergio Moro, da tutela dos lavajatistas do Ministério Público de Curitiba, da imposição dos juízes de segunda instância, das ameaças do cabo no jipe, dos caminhoneiros, dos Bolsonaros, dos militares e das milícias.

Rosa Weber encaminhava-se para o final e, enquanto ia clareando seu voto, mais suspirava e mais se libertava-se do que a oprimiu todo esse tempo.

Os ministros que não temem ameaças estão se livrando dos que atiçam fascistas contra o Supremo e dos que ainda debatem (como diz o jurista Amilton Bueno de Carvalho) se trânsito em julgado quer mesmo dizer trânsito em julgado.
Rosa Weber defendeu a Constituição e o Supremo até porque é o que seu trabalho determina. Há pelo menos meia década o STF é espectador das ações da Lava-Jato, e mais ainda depois da morte de Teori Zavascki.

Finalmente, perdem força o juiz que virou ministro do bolsonarismo, o procurador que pretendia ficar rico e todos os que os bajularam até aqui, incluindo alguns dos mais cretinos dessa história toda, que são os jornalistas fofos e isentões.

Ah, dirão, mas metade do STF continua encolhido e submetido às vontades da Lava-Jato e dos golpistas de agosto de 2016. Pense que a outra metade está reagindo e que Sergio Moro não irá dormir essa noite.