Ocupação da Paulista leva governo Temer a chamar sem teto para reunião em Brasília. Por Joaquim de Carvalho

Atualizado em 8 de março de 2017 às 15:28
A ocupação do MTST na Paulista
A ocupação do MTST na Paulista

 

Depois de 21 dias de ocupação na avenida Paulista, o Movimento dos  Trabalhadores Sem Teto (MTST) foi convidado para uma reunião no final da tarde de hoje com o ministro das Cidades, Bruno Cavalcanti de Araújo.

O líder do MTST, Guilherme Boulos, já está em Brasília, e me disse há pouco que a saída da avenida Paulista dependerá no atendimento da pauta de reivindicações.

O MTST quer a construção de casas para população de baixa renda, dentro do programa Minha Casa, Minha Vida. O programa teve seu ritmo diminuído no governo de Michel Temer.

O movimento tem uma relação de áreas em São Paulo onde conjuntos habitacionais podem ser construídos. O MTST coordena hoje a maior ocupação do Brasil, conhecida como Palestina, na Zona Sul de São Paulo.

O convite para a reunião, o primeiro desde a ocupação na Paulista, surgiu depois que a Associação Paulista Viva aumentou a pressão junto à prefeitura para que a Paulista seja desocupada.

A Associação, que reúne comerciantes da Paulista, protocolou no Ministério Público de São Paulo representação para que a Paulista seja desocupada.

A Associação enviou cópia da representação para parlamentares da bancada da bala, entre os quais o coronel Camilo, deputado estadual, e o deputado federal Major Olímpio, o que indica a tendência da entidade: violência contra o movimento social.

Em 2016, durante meses, a Paulista foi ocupada por manifestantes pró-impeachment da presidente Dilma Rousseff , com o apoio da Fiesp, parceira da Paulista Viva em várias iniciativas.

A ocupação de manifestantes da extrema direita continuou mesmo depois do afastamento definitivo de Dilma, e nenhuma providência no sentido de garantir o trânsito das pessoas pela calçada foi pedida.

Em resposta à iniciativa da Paulista Viva, o Movimento dos Trabalhadores Sem Teto realizou uma manifestação em frente à sede da entidade, na sexta-feira passada, na Alameda Santos.

Nesta semana, o comentarista da Jovem Pan, Marco Antônio Vila, sugeriu ao prefeito João Doria o uso da força para retirar os sem teto da Paulista.

Doria disse que não seria necessário. O prefeito, provavelmente, estava informado da reunião em Brasília. Ele e o ministro Bruno Araújo são do mesmo partido.

Boulos considera um avanço o convite para a reunião, mas deixa claro que só sairá da Paulista quando as reivindicações forem atendidas.

Pelo reação de Doria diante do radicalismo de Vila, a vitória dos sem teto está muito próxima.