
Nesta terça-feira (30), a Organização dos Estados Americanos (OEA) publicou um relatório apontando “vícios” nas eleições da Venezuela e não reconhecendo o resultado divulgado pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE), que declarou a vitória do presidente Nicolás Maduro.
“Em conclusão, dado que não existe qualquer suporte documental público que suporte os dados anunciados pelo CNE, existindo, sim, informações provenientes de diversas fontes que os contradizem, é critério técnico do Departamento de Cooperação e Observação Eleitoral que os resultados oficiais não merecem confiança nem devem receber reconhecimento democrático”, informou o relatório.
A conclusão foi elaborada pelo Departamento de Cooperação e Observação Eleitoral (Deco), da Secretaria do Fortalecimento da Democracia (SFD) da OEA. A organização destacou que a vitória de Maduro foi anunciada “sem fornecer detalhes das tabelas processadas, sem publicar as atas e fornecendo apenas as porcentagens agregadas de votação que as principais forças políticas teriam recebido”.
Em resposta ao relatório, a OEA convocou uma reunião extraordinária a pedido dos governos de Argentina, Costa Rica, Equador, Guatemala, Panamá, Paraguai, Peru, República Dominicana e Uruguai, que solicitaram uma “revisão completa dos resultados”.
A gestão de Maduro enfrenta acusações de fraude, e opositores afirmam que o verdadeiro vencedor é o candidato Edmundo González. Desde o anúncio do resultado, o país tem enfrentado protestos, especialmente na capital Caracas. A pressão também vem de nações que não reconhecem o resultado como os Estados Unidos e a Itália.

Menos de 24 horas após a vitória de Maduro ser declarada, a Venezuela exigiu que diplomatas e funcionários dos consulados de Argentina, Chile, Costa Rica, Peru, Panamá, República Dominicana e Uruguai se retirassem “de maneira imediata” do país.
Mais cedo, o assessor especial da Presidência do Brasil para Assuntos Internacionais, Celso Amorim, se reuniu com Maduro no Palácio Miraflores. Ele solicitou que o presidente eleito venezuelano divulgasse as atas de votação das eleições deste domingo.
Em resposta, o sucessor de Hugo Chaves explicou a Amorim que a divulgação foi atrasada devido a um “ataque hacker” durante a apuração, mas assegurou que as atas serão publicadas nos próximos dias.
Em live nas redes sociais, Maduro chegou a citar a reunião com Amorim, com quem se dá bem. “Eu dizia hoje a Celso Amorim: há um grupo de opositores que quer uma alternativa democrática, com respeito a instituições. Mas esse grupo (oposição liderada por Maria Corína Machado e González) é radical, fascista. Não é uma oposição democrática”, afirmou ele.
Sem provas, a oposição alega ter evidências robustas de que Edmundo González Urrutia, diplomata aposentado, foi o real vencedor do pleito, em contraste com os resultados anunciados pelo CNE, que confirmou a reeleição de Maduro para o mandato de 2025 a 2031.