Ofensas e apologia às armas: a festa de apoiadores de Trump em NY após a vitória

Atualizado em 6 de novembro de 2024 às 11:22
Partido Republicano reuniu eleitores de Trump em festa em Nova York: a festa contou euforia e apologia às armas. Foto: reprodução

A vitória de Donald Trump sobre sua adversária, a democrata Kamala Harris, levou uma multidão de apoiadores republicanos ao delírio na madrugada desta quarta-feira (6) em Nova York, conforme relatado pelo colunista Jamil Chade, do UOL.

Com 277 votos no Colégio Eleitoral e liderança no voto popular, Trump garantiu seu retorno à Casa Branca, quatro anos após deixar o cargo, em uma eleição considerada histórica.

Por volta das 2h da madrugada, quando a possibilidade de vitória se confirmou, o ambiente explodiu em festa, com gritos de ordem, ofensas aos democratas, apologia às armas e críticas a “comunistas e socialistas.” “Senhoras e senhores, somos os vencedores. Preparem-se”, anunciou um dos organizadores.

Os convidados, que pagaram 90 dólares pelo ingresso, tiveram acesso a salgadinhos e telões que exibiam os resultados e a transmissão da Fox News, além de referências ofensivas a grupos LGBTQIA+ e acusações de que o Brasil estaria “sob controle comunista.”

Na entrada, cada membro do Partido Republicano recebia uma nota simbólica de 100 dólares com a imagem de Trump, indicando vitória, usada como vale para solicitar bebidas, incluindo uma “MAGA Rita”, um trocadilho entre Margherita e a sigla MAGA (Make America Great Again). Camisas com mensagens provocativas sobre a idade de Joe Biden, imagens de Kamala Harris e fotos de Trump em pose desafiadora foram vestidas pelos presentes.

A noite, que contou com a presença de lideranças locais do Partido Republicano e figuras do cenário ultraconservador, começou com entusiasmo e mensagens carregadas de desinformação. Anthony Fratiaini, um dos financiadores do partido e vestido com símbolos da extrema direita e defesa do porte de armas, afirmou que temia “fraudes”, que segundo ele, já estariam “aparecendo.”

Ele disse: “Diferente de 2020, desta vez vamos estar de olho e agir. Se houver fraude, Trump tem a obrigação de lutar contra o resultado.” Ele também destacou a presença de apoiadores influentes, como Elon Musk.

Ainda segundo o colunista, qualquer notícia favorável a Kamala Harris era vaiada. Michael Bovasso, um dos organizadores, vestindo gravata borboleta e um crucifixo, afirmou que a eleição de Trump evitaria a “Terceira Guerra Mundial.” “Eu temo pelo mundo se Harris for eleita”, disse ele.

No evento, a presença de negros era mínima e a proporção entre homens e mulheres era de três para um. Em uma roda de conversa, um apoiador comentou: “Se Trump vencer, pelo menos não teremos mais embaixadores gays pelo mundo.”

Quando a vitória se consolidou, a euforia deu lugar a um sentimento de revanche. “Cuidado: estamos voltando”, gritava um apoiador, enquanto o coro de “U.S.A., U.S.A., U.S.A.” preenchia o ambiente. Os apoiadores se abraçavam com a sensação de ter “recuperado o controle da história.”