Oito perguntas de Lula cujas respostas devemos a ele. Por Donato

Atualizado em 28 de abril de 2019 às 11:56
Lula na entrevista em Curitiba

E se Lula nos entrevistasse?

E se ele, detido e retirado do convívio em sociedade, questionasse o que estamos fazendo desde que foi abduzido para a República de Curitiba?

Destaco a seguir oito perguntas que o ex-presidente fez durante a entrevista de ontem, a primeira após mais de um ano encarcerado, depois de juízes, Supremo Tribunal Federal e Polícia Federal fazerem gato e sapato para evitar que ocorresse:

  1. Cadê aquele cidadão dos R$ 7 milhões? Cadê a imprensa que não está atrás do Queiroz?
  2. Imagine se os milicianos do Bolsonaro fossem amigos da minha família?
  3. Onde Paulo Guedes fez esse curso de economia dele?
  4. Estou vendo a obsessão que está acontecendo agora de destruir a soberania nacional, de juntar R$ 1 trilhão com a reforma da Previdência. Para que? Às custas dos aposentados?
  5. E aqueles juízes do TRF-4 que nem leram a sentença? (Aqui Lula versava sobre ter consciência tranquila, mas podemos – e devemos – questionar onde estão todos os integrantes do Judiciário que escreveram a ópera bufa “Anticorrupissaum” que demonstravam tamanho empenho e patriotismo chegando ao ponto de interromper as próprias férias pelo dever cívico)
  6. Quem é o primeiro inimigo do Bolsonaro? (Neste ponto da entrevista o ex-presidente perguntou e ele mesmo respondeu afirmando que era Mourão, mas gostaria que refletíssemos bem e respondêssemos com sinceridade: Quem é o primeiro inimigo de Bolsonaro?)
  7. Militares, por que tanto ódio ao PT?
  8. Vamos fazer uma autocrítica geral nesse país. (Foi em tom de afirmação mas o contexto era de interrogação. Aqueles que votaram nessa turma que está aí, irão fazer a autocrítica que tanto cobravam do PT e que muitos usaram como justificativa infame para optarem por passar o comando do navio para um capitão tresloucado, despreparado e irascível?)

O que responderíamos caso fôssemos instados a responder aos questionamentos do ex-presidente que perdeu um neto e um irmão durante esse período?

E se Lula tivesse feito essas perguntas objetivas direcionadas a nós? E se ele perguntasse o que estamos esperando para acender o pavio ao assistir impávidos a todos os retrocessos que um bando de malucos está a nos impor?

O que estamos fazendo desde a ascensão daquilo que o cientista político André Singer define como “PJ” e “PF” (Partido da Justiça e Partido Fardado)?

Quando iremos pegar pelos colarinhos aquele amigo ou parente que bateu panela e iremos perguntar por que Lula está preso e exigir uma resposta inteligível e embasada?

Afinal de contas, ninguém é obrigado a gostar de Lula. E ele errou. O principal erro do governo Lula, segundo até mesmo André Singer, “foi acreditar que poderia eliminar a pobreza e reduzir a desigualdade de cima para baixo. Não é. Chegado certo limite, as classes dominantes repõem o atraso”.

Mas daí a colocar alguém atrás das grades durante período eleitoral e fundamentado em “convicções” em vez de provas, vai um pulo.

A Justiça mesmo acabou de determinar que a OAS devolva a Lula o valor pago em parcelas pelo tríplex. Valores desembolsado para quitar cotas de um prédio que estava sendo construído em forma de cooperativa antes da OAS assumir o empreendimento e que sempre foram declaradas no Imposto de Renda.

Se era propina, por que pagou? Se a Justiça manda devolver o que foi pago, onde está o crime e quem o cometeu? Se o tríplex já havia sido penhorado como bem da OAS em outro processo, de quem afinal é o imóvel?

Lula fez perguntas que fazem-nos questionar até onde vai nossa passividade diante de injustiças.

Responderemos?