Óleo que atinge litoral do Nordeste é problema internacional, diz deputada

Atualizado em 26 de outubro de 2019 às 13:59
Voluntários retiram óleo na praia de Itapuama, na cidade de Cabo de Santo Agostinho, Pernambuco.LEO MALAFAIA (AFP)

Da Rede Brasil Atual:

A deputada federal Marília Arraes (PT-PE) disse nesta sexta (25) que o óleo, de origem ainda desconhecida, apesar de avançar sobre parte da costa brasileira há quase dois meses, não é um problema do Nordeste, de quem mora no litoral e muito menos do Brasil. “É um problema internacional, que vai causar um impacto na vida de todos. Por isso estamos nos mobilizando para fazer uma denúncia formal aos órgãos competentes da ONU”. “Fazemos o possível, mas precisamos que o governo federal, que tem o aparato necessário, tome providencias o mais rápido possível. E pare de briga contra Venezuela, com a esquerda e o PT, de resolver problema de filho, de esconder Queiroz e passe a governar”.

De acordo com a parlamentar, outra iniciativa é a proposta de criação de uma frente parlamentar em defesa do litoral brasileiro. “Hoje o problema é no Nordeste, amanhã pode ser o Sudeste, no Sul, e precisamos de ações efetivas que amenizem os danos que esse grande crime ambiental vai trazer para a população.”

Ela enalteceu o trabalho da população e de pescadores diante da omissão do governo federal. Mas defendeu que a União seja cobrada para que cumpra o seu papel, que deve ir além da limpeza das praias. “Tirar a mancha de óleo resolve a parte estética do problema. Mas os danos estão na areia, na água, no estuário, no mangue. Por que mais que se use EPI (equipamento de proteção individual contra os efeitos pela exposição às substâncias tóxicas presentes no óleo), a  gente não tem preparo adequado para lidar com essa substância tóxica, que já deixou muita gente doente.”

Marília apresentou requerimento para que uma sessão plenária possa ser convertida em comissão geral da Câmara. A medida tem o objetivo de abrir o plenário para a ampla discussão sobre o crime ambiental que afeta o Nordeste.

O óleo que avança sobre o litoral nordestino desde agosto já deixou pelo menos 19 pessoas intoxicadas, sendo 17 moradoras no município de São José da Coroa Grande e dois em Ipojuca, no litoral sul de Pernambuco, estado mais atingido. O dado, atualizado na quinta-feira (24), foi divulgado pela Secretaria Estadual de Saúde (SES-PE). Todas elas participaram de mutirões de limpeza das praias, já que o governo federal demora a tomar medidas efetivas.

Segundo o órgão, desde o início da semana, equipes da Vigilância em Saúde percorrem as praias que foram limpas graças ao trabalho da comunidade e os postos de saúde. Já foram visitados os municípios do Cabo de Santo Agostinho (Praia do Paiva, Suape, Itapuama, Calhetas, Gaibu), São José da Coroa Grande, Goiana (Praia de Catuama e Ponta de Pedra) e Itamaracá (Praia do Pilar, Forte Orange e Jaguaribe), além de Barra de Jangada e Janga.

As equipes estão atualizando os profissionais da saúde quanto aos sintomas de intoxicação alertando para o preenchimento correto da Ficha de Investigação de Intoxicação Exógena no Sinan – Sistema de Informação de Agravos de Notificação.

Os 19 moradores que apresentaram intoxicação foram atendidos em unidades após contato com o piche, tóxico, e também de solventes para retirada do produto. Segundo a Secretaria da Saúde, todos apresentaram sintomas leves, como vômito, náusea e ardência nos olhos, sem a necessidade de uma atenção de maior complexidade. O protocolo de atendimento para estes casos é individualizado, recomendando tratamento conforme os sintomas.